Pokémon Go: Brasil quer o Charmander antes da tocha olímpica

O jogo foi criado há uma semana e ainda não está disponível em muitos países, mas isso não tem travado o seu sucesso. As acções da Nintendo dispararam.

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Ninguém escapa à corrida pelos pokémons, nem mesmo os políticos JIM WATSON/AFP

Eles estão escondidos, mas já ninguém esconde que (quase) todos querem fazer parte do grupo de treinadores do Pokémon Go. A corrida para apanhar todos os pokémons continua e o Brasil, sede dos Jogos Olímpicos 2016, não quer ficar para trás. O pedido é feito directamente pelo presidente da câmara de Rio de Janeiro, na sua página no Facebook, esta quarta-feira.

Eduardo Paes pede uma especial atenção da Nintendo – empresa que detém a aplicação –, para o lançamento do jogo antes do início dos Jogos Olímpicos 2016, que acontecem entre 5 a 21 de Agosto.

O político destaca que “o mundo inteiro” está a ir para o Brasil e por isso “convida” a aplicação a fazer o mesmo. O jogo foi lançado na passada quarta-feira pela Niantic, uma empresa de software dedicada à criação de jogos de realidade aumentada e desde então tornou-se completamente viral em todo o mundo, apesar de ainda não estar disponível em todos os países.

Tal como o Brasil, Portugal ainda não está na lista de países onde o jogo pode ser oficialmente descarregado. No entanto, os utilizadores têm instalado a aplicação criando contas nos EUA, na Austrália ou nos restantes países onde o jogo já está disponível. Alterando a sua localização conseguem instalar o jogo.

Com um mundo virtual a confundir-se com o mundo real, a busca por um pokémon transforma-se numa história, tal como acontece com a popular série anime.

O que o torna tão viciante?

Russell Belk, professor de marketing na Universidade de York, em Toronto, Canadá, explica que um dos principais segredos que justificam o êxito do jogo é o facto de permitir ao jogador experimentar o sucesso. Num artigo publicado pelo Journal of Social Behavior and Personality, da American Psychological Association, Belk argumenta que o fenómeno de “posse” de artigos fora do âmbito de uso quotidiano regular contribuiu para a adopção de um estatuto.

“Não importa quão bonito ou feio é o pokémon, existe pouco apelo estético”, analisa o investigador. Os treinadores de pokémons querem “apanhá-los a todos”, ou pelo menos “tantos quanto for possível”, cita a ForbesBelk continua e acrescenta que a vontade de coleccionar não tem como fim “completar a colecção”, mas sim “torná-la maior e mais completa”. E isso implica, naturalmente, uma competição social, neste caso entre treinadores.

O investigador realça também que a vontade de coleccionar pode ser benéfica até mesmo para quem está desempregado, uma vez que a aplicação incentiva os jogadores a estipularem metas e objectivos.

Além disso, coleccionar digitalmente apresenta algumas vantagens. Guardar os artigos coleccionados no telemóvel torna mais prático aumentar a colecção ou exibi-la aos amigos, por exemplo.

E exibição não tem faltado durante os últimos dias. É difícil não ver alguém a partilhar alguma referência ao mais recente fenómeno mundial. Mas para quem já está farto de ver o seu feed nas redes sociais com Pikachus, Charmanders e Jigglypuffs é agora possível bloquear a maioria do conteúdo. O PokeGone, uma extensão do Chrome, promete esconder tudo o que está relacionado com o Pokémon Go. A extensão deixa visíveis os conteúdos no Facebook, por exemplo, mas bloqueia as notícias. Não sendo 100% eficaz, reduz significativamente a quantidade de conteúdo.

Os pokémons que não deveriam ser encontrados

Nos últimos dias, os pokémons estão em todo o lado, incluindo locais onde não deveriam estar. Depois de relatos de pokémons em funerais, em propriedades privadas, em salas de parto, chegam locais ainda mais inesperados. A febre do jogo é tal que já chegou a frentes de batalha contra o Estado Islâmico, por exemplo, ou até mesmo a antigos campos de concentração nazi, como é o caso de Auschwitz ou Museu Memorial do Holocausto norte-americano, em Washington, EUA. Como é que isto acontece? A aplicação baseia a localização dos pokémons usando dados de localização alojados no Google Maps e com base em sugestões de utilizadores do jogo anterior da Niantic, o Ingress.

Um dos pokémons encontrados no Museu Memorial do Holocausto é o Koffing, conhecido por utilizar gás tóxico como ataque. 

Por outro lado, há quem use o jogo para "caçar clientes". Nos EUA, uma pizzaria investiu dez dólares, cerca de nove euros, para colocar pokémons no estabelecimento, e, segundo a própria gerência, desde então as vendas aumentaram 76%, graças ao aumento do número de clientes atraídos até ali pelos pokémons.

As acções da fabricante japonesa Nintendo já valorizaram 76% desde o lançamento do jogo.

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