A maior tela do cinema africano é na Cova da Moura

A I Mostra Internacional de Cinema na Cova – África e suas Diásporas é dedicada ao cinema africano contemporâneo e acontece entre 19 e 23 de Julho, em Lisboa.

Foto
A República di Mininus, de Flora Gomes, é o filme exibido e discutido no último dia. DR

África sempre foi continente de contrastes, de uma diversidade cultural imensurável e difícil de conter entre fronteiras. Muitos partiram dali para o mundo apenas com o sonho de encontrar uma vida mais digna, mas as raízes africanas nunca deixaram de crescer e cabem, agora, numa grande tela à disposição de todos. A I Mostra Internacional de Cinema na Cova – África e suas Diásporas pretende dar a conhecer o cinema negro contemporâneo e decorre entre 19 e 23 de Julho na Cova da Moura, em Lisboa.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

África sempre foi continente de contrastes, de uma diversidade cultural imensurável e difícil de conter entre fronteiras. Muitos partiram dali para o mundo apenas com o sonho de encontrar uma vida mais digna, mas as raízes africanas nunca deixaram de crescer e cabem, agora, numa grande tela à disposição de todos. A I Mostra Internacional de Cinema na Cova – África e suas Diásporas pretende dar a conhecer o cinema negro contemporâneo e decorre entre 19 e 23 de Julho na Cova da Moura, em Lisboa.

A mostra, inserida no festival cultural Kova M, irá apresentar 14 filmes provenientes de sete países africanos e de outros países com uma grande presença da comunidade africana, como Brasil, Cabo Verde, Portugal e Guiné-Bissau. “Estes são filmes que fazem pensar África, a realidade dos emigrantes e dos cidadãos negros que vivem por toda a Europa”, conta Maíra Zenun, do Fórum Itinerante do Cinema Negro, que fez a curadoria dos filmes com Janaína Oliveira.

A selecção das curtas e longas-metragens foi feita a pensar no trabalho actualmente desenvolvido por cineastas negros emergentes, “alguns apenas com um ou dois trabalhos”, que estão espalhados pelo mundo, por exemplo realizadoras de produções brasileiras ou realizadores que vivem em Lisboa. “Tivemos em atenção a realidade deste bairro e escolhemos filmes que não passaram de todo em Lisboa ou que foram apenas exibidos em mostras muito específicas”, explica Maíra Zenun.

O cinema africano dará vida ao bairro da Cova da Moura, mas a ideia é que este se abra a toda a gente. “Também queremos trazer pessoas de fora para circular e conhecer estas práticas culturais e artísticas”, conta a curadora, que caracteriza a mostra como uma “oportunidade única e singular para saber mais sobre a cultura negra.”

A formação é a grande aposta da I Mostra Internacional de Cinema da Cova e começa a partir do momento em que se encerra cada sessão de cinema, pois haverá debates diários com membros da equipa de cada filme que tenham participado na sua produção ou interpretação. Haverá, ainda, uma oficina de cinema dirigida aos jovens. O objectivo é “mostrar ao público como é que estes cineastas se organizam para fazer cinema e de qualidade”, desmistificando a ideia que o cinema é uma realidade distante e uma indústria na qual é impossível entrar. A Cova da Moura é, aliás, rica em grupos de dança e música e, por isso, precisa de mãos para produzir os seus materiais audiovisuais. “O cinema é um curso caro, por isso esta é uma oportunidade de passar conhecimentos inaugurais a estes jovens”, diz Maíra Zenun.

A mostra de cinema africano ocupará a Tabacaria Tropical e a Travessa do Outeiro e terá, ao longo dos quatro dias, temas como Identidades negras, juventude e política, Por um cinema negro português: como vender o nosso peixe?, Cinemas em trânsito – o olhar feminino e O cinema canta e dança. Entre os filmes que constam do programa, encontram-se fitas como Relatos de uma rapariga nada pudica, de Lolo Arziki, As minas do rap, de Juliana Vincente e A batalha do passinho, de Emílio Domingos.

No dia 23 de Julho, a mostra será encerrada com uma sessão especial com o premiado realizador guineense Flora Gomes, autor de A República di Mininus, o último filme a ser exibido. O culminar de um encontro da comunidade africana que se pretende dentro e fora de ecrãs e que traz a África de todos ao coração de uma comunidade lisboeta com grande riqueza étnica. 

Texto editado por Isabel Coutinho