Prémio da crítica francesa para a Bovary de Tiago Rodrigues

Peça do actual director do Teatro Nacional D. Maria II foi considerada a melhor do ano em língua francesa.

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Bovary esteve em cena no Théâtre de la Bastille, em Paris, de 3 a 26 de Maio

Bovary, que o português Tiago Rodrigues (texto e encenação) estreou em 2014 no Alkantara Festival e remontou recentemente em Paris, com actores locais, foi considerada a melhor peça do ano em língua francesa pela Associação Profissional da Crítica de Teatro, Música e Dança de França. O espectáculo esteve em cena no Théâtre de la Bastille de 3 a 26 de Maio, integrado na Operação Bastilha, que ali levou o Teatro Nacional D. Maria II, de que Tiago Rodrigues é director artístico, e que será retomada na temporada 2016/2017.

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Bovary, que o português Tiago Rodrigues (texto e encenação) estreou em 2014 no Alkantara Festival e remontou recentemente em Paris, com actores locais, foi considerada a melhor peça do ano em língua francesa pela Associação Profissional da Crítica de Teatro, Música e Dança de França. O espectáculo esteve em cena no Théâtre de la Bastille de 3 a 26 de Maio, integrado na Operação Bastilha, que ali levou o Teatro Nacional D. Maria II, de que Tiago Rodrigues é director artístico, e que será retomada na temporada 2016/2017.

Construída em torno do julgamento por atentado à moral e à religião de Gustave Flaubert, autor desse escandaloso Madame Bovary que foi inicialmente publicado em folhetim pela Revue de Paris em 1856, a peça agora premiada constitui, aponta o comunicado distribuído à AFP, "uma genial adaptação da peça de Flaubert e do processo à época instaurado ao escritor". 

Em Maio, a crítica francesa já tinha mostrado o seu entusiasmo, mas não unanimemente, pela operação a que Tiago Rodrigues submeteu o texto. No blogue que mantém no jornal Le Monde, Judith Sibony escreveu que "o espectáculo é exactamente o que o teatro deveria ser sempre", destacando a precisão do texto, "digna das exegeses académicas", o humor e o prazer exercidos em palco, e a sua capacidade de "activar o espectador". Na Télérama, Fabienne Pascaud descreveu como "luminosa" a releitura de Flaubert proposta pelo encenador, e no Libération Anne Diatkine sublinhou "a luz persistente" do espectáculo. Já Armelle Héliot, do Figaro, considerou a experiência "uma decepção profunda", depois das expectativas criadas por By Heart, criação anterior de Tiago Rodrigues: "Longe da emoção que esperávamos, encontramo-nos perante uma maneira muito narcísica de representar", aponta, lamentando a "auto-satisfação" que se apoderou do dramaturgo encenador e dos seus intérpretes".

Os prémios promovidos pela associação, que reúne 140 jornalistas da imprensa escrita e audiovisual francesa e estrangeira, distinguiram ainda, e duplamente, o encenador flamengo Ivo Van Hove: melhor espectáculo do ano para a sua encenação de Vu du Pont, de Arthur Miller, no Théàtre de l'Odéon, e melhor espectáculo estrangeiro para Kings of War, "magistral condensado, em 4h30, de cinco peças de Shakespeare", que se apresentou no Théâtre National de Chaillot em Janeiro deste ano.