PS aborda autárquicas sem falar do Porto
Presidente da associação nacional de municípios e líder da federação urbana de Lisboa batem-se pela descentralização do Estado, que deve ser considerada “desígnio nacional”.
As eleições autárquicas do próximo ano subiram ao palco do Congresso do PS (que hoje encerra em Lisboa) pela voz de várias figuras do partido. E não só. O tema preocupa os socialistas e logo no arranque dos trabalhos, Marcos Prestrello, presidente da Federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL), abordou o tema, destacando a importância (até para a governação) do combate das próximas autárquicas. Aproveitou, de resto, para defender a transferência de competências da administração central para as áreas metropolitanas do Porto e de Lisboa, uma decisão, que vai obrigar o Governo, segundo referiu, a “ultrapassar as suas muralhas e as suas barreiras”. Marcos Perestrello é o nome apontado para disputar a presidência da Área Metropolitana de Lisboa (AML), que vai a votos no próximo ano juntamente com as autárquicas, e quer ganhar todas as câmaras a que o PS se candidata no raio da FAUL.
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As eleições autárquicas do próximo ano subiram ao palco do Congresso do PS (que hoje encerra em Lisboa) pela voz de várias figuras do partido. E não só. O tema preocupa os socialistas e logo no arranque dos trabalhos, Marcos Prestrello, presidente da Federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL), abordou o tema, destacando a importância (até para a governação) do combate das próximas autárquicas. Aproveitou, de resto, para defender a transferência de competências da administração central para as áreas metropolitanas do Porto e de Lisboa, uma decisão, que vai obrigar o Governo, segundo referiu, a “ultrapassar as suas muralhas e as suas barreiras”. Marcos Perestrello é o nome apontado para disputar a presidência da Área Metropolitana de Lisboa (AML), que vai a votos no próximo ano juntamente com as autárquicas, e quer ganhar todas as câmaras a que o PS se candidata no raio da FAUL.
Ainda na primeira noite do conclave, o presidente da concelhia socialista de Lisboa, Duarte Cordeiro, manteve o tema à tona da água. E, ontem, o assunto regressou pela voz alguns delegados. Também Ana Drago, ex-dirigente do Bloco de Esquerda, é favorável a um entendimento das esquerdas relativamente às eleições autárquicas do próximo ano, consensualizando posições que se traduzam em alianças eleitorais.
“Há debates que não podem ser ignorados e posições que têm de ser tornadas absolutamente claras. Eu gostaria de ver um entendimento à esquerda sobre essas questões”, declarou a ex-deputada bloquista, que este sábado participou num debate sobre Socialismo Democrático: Que futuro?, no âmbito da reunião magna do PS, que decorre em Lisboa.
Sem apontar os casos em que deve haver coligações, Ana Drago acredita que “as diferentes forças à esquerda vão conseguir perceber que há debates dos quais não podem fugir e que há processos conjuntos que têm que partilhar e lutas que têm que fazer conjuntamente”. “Compreendo que há dinâmicas locais que possam impossibilitar esses acordos a nível autárquico, mas tenho uma expectativa que o debate que nasceu sobre a difícil situação do país possa também criar uma nova cultura política”, disse.
Mais tarde, foi a vez de Manuel Alegre, histórico do PS, agitar a bandeira das locais. “Temos de ganhar as eleições autárquicas para garantir e reforçar a sustentabilidade do Governo" e para evitar "certas tentações". O eurodeputado Carlos Zorrinho cavalgou a onda autárquica e a meio da tarde defendeu, perante os congressistas, a necessidade de se realizar uma convenção autárquica para preparar o processo eleitoral “rumo à vitória do PS e de Portugal”.
Ainda sobre o mesmo tema, o presidente da Associação Nacional dos Municípios Portugueses, Manuel Machado, aproveitou o palco do Congresso para proclamar a descentralização do Estado, reivindicar uma nova Lei das Finanças Locais que seja respeitada e para dizer que “falta a democratização das comissões de coordenação de desenvolvimento regional”. Disse que “a descentralização administrativa deve ser considerada um desígnio nacional” e, em matéria de autárquicas, avisou: “Não é compreensível que se ponham os interesses pessoais acima dos interesses legítimos das nossas populações”.
Curiosamente, nos dois primeiros dias de conclave ninguém ousou subir ao palco para questionar a direcção do partido se vai mesmo desistir de uma candidatura sua ao Porto para apoiar o independente Rui Moreira. Mas a questão é incontornável.