PS aborda autárquicas sem falar do Porto

Presidente da associação nacional de municípios e líder da federação urbana de Lisboa batem-se pela descentralização do Estado, que deve ser considerada “desígnio nacional”.

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Marcos Perestrello quer manter-se à frente da federação lisboeta enquanto Pedro Nuno Santos está disponível para o quarto mandato em Aveiro. Daniel Rocha/Arquivo

As eleições autárquicas do próximo ano subiram ao palco do Congresso do PS (que hoje encerra em Lisboa) pela voz de várias figuras do partido. E não só. O tema preocupa os socialistas e logo no arranque dos trabalhos, Marcos Prestrello, presidente da Federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL), abordou o tema, destacando a importância (até para a governação) do combate das próximas autárquicas. Aproveitou, de resto, para defender a transferência de competências da administração central para as áreas metropolitanas do Porto e de Lisboa, uma decisão, que vai obrigar o Governo, segundo referiu, a “ultrapassar as suas muralhas e as suas barreiras”. Marcos Perestrello é o nome apontado para disputar a presidência da Área Metropolitana de Lisboa (AML), que vai a votos no próximo ano juntamente com as autárquicas, e quer ganhar todas as câmaras a que o PS se candidata no raio da FAUL.

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As eleições autárquicas do próximo ano subiram ao palco do Congresso do PS (que hoje encerra em Lisboa) pela voz de várias figuras do partido. E não só. O tema preocupa os socialistas e logo no arranque dos trabalhos, Marcos Prestrello, presidente da Federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL), abordou o tema, destacando a importância (até para a governação) do combate das próximas autárquicas. Aproveitou, de resto, para defender a transferência de competências da administração central para as áreas metropolitanas do Porto e de Lisboa, uma decisão, que vai obrigar o Governo, segundo referiu, a “ultrapassar as suas muralhas e as suas barreiras”. Marcos Perestrello é o nome apontado para disputar a presidência da Área Metropolitana de Lisboa (AML), que vai a votos no próximo ano juntamente com as autárquicas, e quer ganhar todas as câmaras a que o PS se candidata no raio da FAUL.

Ainda na primeira noite do conclave, o presidente da concelhia socialista de Lisboa, Duarte Cordeiro, manteve o tema à tona da água. E, ontem, o assunto regressou pela voz alguns delegados. Também Ana Drago, ex-dirigente do Bloco de Esquerda, é favorável a um entendimento das esquerdas relativamente às eleições autárquicas do próximo ano, consensualizando posições que se traduzam em alianças eleitorais.

“Há debates que não podem ser ignorados e posições que têm de ser tornadas absolutamente claras. Eu gostaria de ver um entendimento à esquerda sobre essas questões”, declarou a ex-deputada bloquista, que este sábado participou num debate sobre Socialismo Democrático: Que futuro?, no âmbito da reunião magna do PS, que decorre em Lisboa.

Sem apontar os casos em que deve haver coligações, Ana Drago acredita que “as diferentes forças à esquerda vão conseguir perceber que há debates dos quais não podem fugir e que há processos conjuntos que têm que partilhar e lutas que têm que fazer conjuntamente”. “Compreendo que há dinâmicas locais que possam impossibilitar esses acordos a nível autárquico, mas tenho uma expectativa que o debate que nasceu sobre a difícil situação do país possa também criar uma nova cultura política”, disse.

Mais tarde, foi a vez de Manuel Alegre, histórico do PS, agitar a bandeira das locais. “Temos de ganhar as eleições autárquicas para garantir e reforçar a sustentabilidade do Governo" e para evitar "certas tentações". O eurodeputado Carlos Zorrinho cavalgou a onda autárquica e a meio da tarde defendeu, perante os congressistas, a necessidade de se realizar uma convenção autárquica para preparar o processo eleitoral “rumo à vitória do PS e de Portugal”. 

Ainda sobre o mesmo tema, o presidente da Associação Nacional dos Municípios Portugueses, Manuel Machado, aproveitou o palco do Congresso para proclamar a descentralização do Estado, reivindicar uma nova Lei das Finanças Locais que seja respeitada e para dizer que “falta a democratização das comissões de coordenação de desenvolvimento regional”. Disse que “a descentralização administrativa deve ser considerada um desígnio nacional” e, em matéria de autárquicas, avisou: “Não é compreensível que se ponham os interesses pessoais acima dos interesses legítimos das nossas populações”.

Curiosamente, nos dois primeiros dias de conclave ninguém ousou subir ao palco para questionar a direcção do partido se vai mesmo desistir de uma candidatura sua ao Porto para apoiar o independente Rui Moreira. Mas a questão é incontornável.