Parlamento grego aprova medidas de austeridade para “erguer” país

Eurogrupo reúne esta segunda-feira para aprovar a primeira tranche do programa de resgate à Grécia. Ministro das Finanças diz que mais austeridade pode tornar país num "Estado falhado".

Fotogaleria

O Parlamento grego aprovou durante a madrugada desta segunda-feira um pacote de reformas do sistema fiscal e de pensões, a poucas horas de uma reunião crucial do Eurogrupo, em Bruxelas.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O Parlamento grego aprovou durante a madrugada desta segunda-feira um pacote de reformas do sistema fiscal e de pensões, a poucas horas de uma reunião crucial do Eurogrupo, em Bruxelas.

As novas medidas de austeridade — que implicam cortes no valor de 5400 milhões de euros receberam o apoio dos 153 deputados da maioria governamental, composta pelo partido de esquerda radical Syriza e dos nacionalistas do ANEL.

Nas ruas, milhares de pessoas continuavam a fazer frente à polícia de choque, atirando pedras e cocktails Molotov, descreve a correspondente do The Guardian. Os protestos contra as novas medidas de austeridade foram acompanhados de uma greve de três dias que paralisou vários sectores, como os transportes públicos ou a comunicação social. As autoridades estimam que se tenham manifestado cerca de 26 mil pessoas em Atenas e em Salónica, no norte.

Em Bruxelas, os ministros das Finanças da zona euro preparam-se para desbloquear a primeira tranche, superior a cinco mil milhões de euros, do terceiro programa de resgate concedido ao país no último Verão.

“Temos uma oportunidade importante à nossa frente para o país quebrar este ciclo vicioso e entrar num ciclo virtuoso”, afirmou o primeiro-ministro, Alexis Tsipras, num derradeiro apelo aos parlamentares antes do voto. “Estamos determinados em erguer a Grécia a todo o custo.”

Das bancadas da oposição choveram fortes críticas contra medidas consideradas contráriase e recessivas. “As medidas vão enterrar as perspectivas de crescimento”, disse o líder do Nova Democracia, Kyriakos Misotakis, que tem aparecido em primeiro nas sondagens. Misotakis pediu também a demissão do Executivo e a marcação de eleições antecipadas, segundo a AFP.

“Senhor primeiro-ministro, prometeu esperança e tornou-a em desespero”, acusou a líder do PASOK, Fofi Gennimata, lembrando o mandato de reversão da austeridade para o qual o Syriza foi venceu as eleições em Janeiro de 2015, e foi reeleito em Setembro.

A controversa reestruturação do sistema de impostos prevê, por exemplo, a redução do patamar de rendimentos a partir do qual passa a haver isenções. O Estado prevê arrecadar 200 milhões de euros com estas medidas.

Mas as vagas de austeridade para a Grécia podem não ficar por aqui. O Fundo Monetário Internacional, bem como alguns países e instituições europeias, exigem que o país aplique mais medidas que permitam poupanças adicionais no valor de quatro mil milhões de euros, vistas como uma almofada de segurança caso sejam falhadas metas orçamentais, escreve a BBC.

O ministro das Finanças, Euclid Tasakalotos, dirigiu uma carta aos homólogos da zona euro, em que alerta para os perigos de se continuar a exigir medidas duras ao país. “Ninguém deve acreditar que uma nova crise grega, dando origem talvez a mais um Estado falhado na região, possa beneficiar alguém”, escreveu.