Um mundo português no Bons Sons, o mundo globalizado no Milhões de Festa

O cartaz de dois dos festivais que na última década se implantaram no cenário português vai-se aprimorando.

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São dois dos festivais que, na última década, se implantaram firmemente no cenário português e aquilo que os separa, a localização, é também, de certa forma, o que os une. Um realiza-se a norte, em Barcelos, chama-se Milhões de Festa e é um muito apelativo microcosmos de música ecléctica e globalizada borbulhando nas margens. O outro, o Bons Sons, acontece no centro, na aldeia de Cem Soldos, Tomar, e põe em palco um verdadeiro mostruário do pulsar contemporâneo (principalmente, mas não só), da música portuguesa.

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São dois dos festivais que, na última década, se implantaram firmemente no cenário português e aquilo que os separa, a localização, é também, de certa forma, o que os une. Um realiza-se a norte, em Barcelos, chama-se Milhões de Festa e é um muito apelativo microcosmos de música ecléctica e globalizada borbulhando nas margens. O outro, o Bons Sons, acontece no centro, na aldeia de Cem Soldos, Tomar, e põe em palco um verdadeiro mostruário do pulsar contemporâneo (principalmente, mas não só), da música portuguesa.

Une-os uma identidade plenamente definida, a dimensão de escala humana, e o fazerem dos locais que os acolhem, a aldeia de Cem Soldos e a cidade de Barcelos, figura indispensável do festival. Os nomes que vêm sendo revelados para o seu cartaz mostram que, em 2016, a identidade de ambos manter-se-á incólume.

O Milhões de Festa, que decorrerá entre 21 e 24 de Julho, anunciou recentemente Dan Deacon, o bom excêntrico de Portland, homem síntese das mecânicas de dança como híbrido orgânico-digital, Nídia Minaj, mais um nome revelado no seio da Príncipe Discos, mulher que molda techno, house e kuduro à sua forte personalidade, e os 10 000 Russos, trio nascido no Porto e criador de um rock’n’roll reduzido a uma pulsação minimal, psicadélica, que chamou a atenção nessa Europa que têm percorrido em digressão após a edição do homónimo álbum de estreia, em 2015. Estes nomes juntam-se a outros já anunciados, como Goat, The Bug, El Guincho, Part Chimp, Islam Chipsy, Jibóia ou Sun Araw, em versão trio. Da Escandinávia ao Egipto, da Bobadela ao Texas, muito a absorver entre as piscinas e o parque fluvial de Barcelos - e nem referimos que a banda totalista do festival, os Riding Pânico, regressam com curadoria e trazem consigo os Quelle Dead Gazelle e Marvel Lima; e que os laços estreitos que ligam o festival à Galiza garantem que ouviremos no Milhões de Festa os galegos Malandrómeda, Vozzyow e os Uppercut.

Em Cem Soldos, sabíamos antes do anúncio de qualquer grupo que haveria pelo menos uma novidade. Um dos critérios para a programação indicava que nenhuma banda ou músico poderia ser repetido até que dez edições fossem cumpridas. Ei-la que chega e, portanto, o Bons Sons, como já anunciado, receberá repetentes. Entre 12 e 15 de Agosto, Cem Soldos acolherá  em nova visita Lula Pena, Danças Ocultas, Birds Are Indire, Lavoisier, D’Alva, Joana Sá ou Kumpania Algazarra.

Entre os recentemente anunciados, descobre-se uma mostra vasta da criatividade musical nacional. O “turbo-baile” dos Tochapestana, o pós-punk para pista de dança moderna dos White Haus de João Vieira, dos X-Wife, as canções a solo de Diego Armés, que conhecemos nos Feromona e que encontramos hoje nos Chibazqui, ou as produções de Branko, ele dos Buraka Som Sistema e autor a solo do celebrado Atlas. Junte-se-lhes as Adufeiras do Paúl, o encontro de bateristas de eleição nos Tim Tim por Tim Tum (José Salgueiro, Marco Franco, Alexandre Frazão e Bruno Pedroso), a música intimista de João e a Sombra e os subgraves com um mundo dentro de Rastronaut (zouk, kuduro, tropicalismos diversos), recorde-se que o cartaz já contempla Sensible Soccers, Best Youth, Keep Razors Sharp, Cristina Branco ou Deolinda, e o mapa completa-se ainda mais. A aldeia é pequena, mas Cem Soldos é um mundo.