Detidos suspeitos que terão baleado polícias na Ameixoeira

A Polícia Judiciária deteve os dois homens segunda-feira e deverá apresentá-los esta terça-feira ao Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa.

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Tiroteio ocorreu na noite da passada terça-feira Miguel Manso

A Polícia Judiciária (PJ) deteve dois suspeitos que terão baleado, na semana passada, os agentes da PSP no bairro da Ameixoeira, em Lisboa, confirmou ao PÚBLICO fonte da PJ.

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A Polícia Judiciária (PJ) deteve dois suspeitos que terão baleado, na semana passada, os agentes da PSP no bairro da Ameixoeira, em Lisboa, confirmou ao PÚBLICO fonte da PJ.

Os dois homens, que foram interceptados por inspectores da PJ de Lisboa na segunda-feira, deverão ser apresentados esta terça-feira a um juiz do Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa para que, depois de serem interrogados, lhes sejam aplicadas as medidas que coacção a que ficarão sujeitos durante o desenvolvimento do inquérito-crime.

Em comunicado, a PJ esclarece que contra os dois homens, de 42 e 24 anos, existem fortes “indícios da prática de crimes de homicídio na forma tentada”. No final da semana passada, no centro da investigação a este caso crescia a hipótese de os suspeitos já terem saído do país face a boas ligações que terão com Espanha, o que não se veio a verificar. 

“Os factos foram cometidos na passada terça-feira, cerca das 20h, no Bairro da Ameixoeira, em Lisboa, quando os presumíveis autores, na sequência de conflitos antigos mantidos entre as famílias de ambos, efectuaram vários disparos na via pública, os quais vieram a atingir e ferir três elementos da PSP que tinham acorrido ao local, bem como duas outras pessoas”, acrescenta a Judiciária.

De acordo com aquela polícia, os três agentes da PSP e as duas mulheres civis que ficaram feridos durante o tiroteio “foram assistidos em unidade hospitalar não correndo, de momento, perigo de vida”. Dois agentes feridos tiveram alta hospitalar logo na madrugada de quarta-feira, após o tiroteio. O terceiro polícia saiu do hospital esta segunda-feira, adiantou o porta-voz da PSP, intendente Hugo Palma.

Depois dos disparos e ainda na noite de terça-feira, a PSP apreendeu uma caçadeira e realizou buscas no bairro à procura de mais armas. No dia seguinte, o bairro, onde muitos moradores admitem a proliferação de armas, acordava num cenário inverso ao da noite: o forte contingente policial deu lugar a um policiamento discreto nas imediações do aglomerado habitacional. 

Na sexta-feira, porém, a PSP voltou ao bairro. Numa operação, que decorreu de manhã, seis pessoas foram detidas. A PSP fez ainda 13 buscas e a apreendeu várias armas.

Face ao facto de existirem agentes da PSP baleados, esta polícia está muito atenta ao desenrolar deste caso, apesar de não o estar a investigar formalmente e de alegadamente não ter tido qualquer envolvimento na operação da PJ em que foram detidos os dois suspeitos.

O tiroteio resultou de uma discussão fruto de uma desavença que dura há vários anos entre duas famílias de etnia cigana. Na terça-feira, ainda à hora do almoço, elementos das duas partes desavindas — todos feirantes — sentaram-se e decidiram voltar a discutir uma dívida resultante de um negócio de venda de roupa. No centro da contenda está um contentor de roupa que uma família vendeu à outra, há vários anos, mas a dívida nunca terá sido saldada, explicaram fontes policiais ao PÚBLICO.