Pedro Almodóvar cancela promoção do seu novo filme

Associação dos nomes do realizador e do seu irmão Agustín ao escândalo Panama Papers justifica decisão. Mas o elenco de Julieta mantém os encontros com a comunicação social em Espanha.

Foto
Julieta é a 20.ª longa-metragem de Pedro Almodóvar DR

Pedro Almodóvar não vai participar, esta quarta-feira, nas acções de promoção do seu novo filme, Julieta, em Madrid. Com o seu nome, e o do irmão Agustín, associados ao escândalo Panamá Papers, a produtora de ambos, El Deseo, decidiu cancelar a presença do realizador nos encontros com a imprensa que estavam agendados para a promoção da sua 20.ª longa-metragem.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Pedro Almodóvar não vai participar, esta quarta-feira, nas acções de promoção do seu novo filme, Julieta, em Madrid. Com o seu nome, e o do irmão Agustín, associados ao escândalo Panamá Papers, a produtora de ambos, El Deseo, decidiu cancelar a presença do realizador nos encontros com a imprensa que estavam agendados para a promoção da sua 20.ª longa-metragem.

“Perante a prioridade informativa de temas estranhos ao filme, decidimos desconvocar a sessão de fotografias e a conferência de imprensa desta quarta-feira”, diz o comunicado da produtora, citado por vários órgãos de comunicação social espanhóis.

Tanto Pedro como Agustín Almodóvar surgem citados na investigação levada a cabo pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ), ao lado de outros nomes conhecidos do mundo das artes e da cultura. Segundo o relatório divulgado este domingo, os irmãos Almodóvar estiveram associados, entre Março de 1991 e Novembro de 1994, à sociedade Glen Valley Corporation, com sede num conhecido paraíso fiscal nas Ilhas Virgens Britânicas.

Estas datas coincidem e sucedem-se – refere o jornal El País – aos primeiros grandes êxitos internacionais de dois filmes de Almodóvar, Ata-me! (1989) e Saltos Altos (1991), que renderam respectivamente 3,1 e 5,2 milhões de euros.

Os dois irmãos negaram, também em comunicado, difundido segunda-feira, terem feito qualquer utilização fraudulenta daquela empresa, e asseguraram que se encontram “em dia” com as suas “obrigações tributárias”. Simultaneamente, avisaram que iriam manter-se “atentos ao conteúdo da informação” e “aos juízos de valor” que possam vir a ser difundidos sobre si.

O cancelamento da presença de Pedro Almodóvar na sessão de fotografias e nas entrevistas previstas para esta quarta-feira não parou, contudo, a promoção do seu filme. O elenco de Julieta Inma Cuesta e Adriana Ugarte, as protagonistas em diferentes momentos das suas vidas, ao lado de Michelle Jenner e Daniel Grao, também já designados “Geração Almodóvar 3.0” – vai manter o programa anunciado para esta quarta-feira, no Casino de Madrid.

Na segunda-feira, em Barcelona, Inma Cuesta e Michelle Jenner recusaram-se a comentar o caso Panama Papers. “Temos de esperar e ver o que a Justiça e também o Pedro irão dizer sobre isto”, responderam as duas actrizes, citadas pelo ABC. Segundo o mesmo jornal, a decisão de Pedro Almodóvar de cancelar a sua participação no programa de promoção desta semana já tinha sido tomada mesmo antes da divulgação do escândalo pelo jornal espanhol El Confidencial – que com o  alemão Süddeutsche Zeitung, o britânico Guardian e o português Expresso integram o ICIJ.

Julieta – que segundo o site de informação cinematografia IMDb tem estreia em Portugal agendada para 15 de Setembro próximo – marca o regresso de Almodóvar ao universo feminino. Segue o destino de uma mulher em duas idades diferentes da sua vida, entre 1985 e 2015, e, na opinião de Emma Suárez, a Julieta adulta, “é mais um drama do que um melodrama”.