Moção do CDS-PP quer limitar poder do líder na escolha de candidatos

Texto assinado por alguns dos ex-apoiantes de Nuno Melo quer fazer cair o “PP” da sigla.

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Antigos apoiantes de Nuno Melo subscrevem esta moção Enric Vives-Rubio

Alguns dos antigos apoiantes de Nuno Melo defendem que o presidente do CDS-PP só deve poder escolher os cabeças de lista em cada distrito e metade dos candidatos eleitos em legislativas anteriores. A proposta consta de uma moção que apresentam ao 26.º congresso do partido, em Março, em que se assumem democratas-cristãos. Apesar de ser essa a linha com que Assunção Cristas se identifica, não é declarado o apoio à candidata e exige-se uma “liderança combativa”.

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Alguns dos antigos apoiantes de Nuno Melo defendem que o presidente do CDS-PP só deve poder escolher os cabeças de lista em cada distrito e metade dos candidatos eleitos em legislativas anteriores. A proposta consta de uma moção que apresentam ao 26.º congresso do partido, em Março, em que se assumem democratas-cristãos. Apesar de ser essa a linha com que Assunção Cristas se identifica, não é declarado o apoio à candidata e exige-se uma “liderança combativa”.

A moção, a que o PÚBLICO teve acesso, defende que o futuro líder deve ter “naturalmente a discricionariedade de poder escolher metade dos eleitos da última eleição, nos quais se incluem naturalmente os cabeças de lista de todos os distritos (circunscrevendo-se aí a chamada quota nacional)”. Este critério também deve aplicar-se à “escolha dos candidatos autárquicos” nas 18 capitais de distrito.

A proposta é o reflexo da contestação interna a Paulo Portas por ter cativado a maioria dos lugares elegíveis nas listas às últimas legislativas de Outubro. Uma das vozes que criticou fortemente esta opção foi o líder da distrital de Braga, Altino Bessa, que é agora um dos subscritores desta moção. O texto é assinado, em primeiro lugar, pelo ainda porta-voz do partido e ex-secretário de Estado da Administração Interna, Filipe Lobo d’Ávila, e pelo antigo secretário de Estado da Educação do Governo PSD/CDS, João Casanova.

A intenção de avançar com esta moção surgiu logo após o anúncio da saída de Portas e quando ainda não eram conhecidos os candidatos à sua sucessão. Sem nunca se referir ao nome de Assunção Cristas, a única candidata à presidência do partido, a moção traça o perfil do vencedor do congresso: “Terá que ser uma liderança combativa, uma liderança conhecedora da realidade do partido, uma liderança que saiba agregar, uma liderança que saiba abrir-se e que consiga mobilizar”. Depois do anúncio de Cristas e do apoio declarado de Nuno Melo à candidata os seus apoiantes que subscrevem a moção já vieram afirmar publicamente que estão ao lado da ex-ministra. 

A moção “Juntos pelo futuro: Compromisso com as pessoas” sustenta que para “voltar existir uma mudança política em Portugal é necessário que PSD e CDS, sozinhos ou em coligação, consigam obter uma maioria absoluta de deputados”. Assumindo que o partido se deve distinguir do PSD, os subscritores colocam como objectivo central da nova liderança uma “mudança de Governo” e a obtenção de uma “maioria que empurre comunistas, trotskistas e socialistas para aquele que é o seu lugar privilegiado: o lugar da oposição”.

A moção defende ainda que o partido deve voltar a usar exclusivamente a sigla CDS (Centro Democrático Social), deixando cair o PP (Partido Popular), que foi acrescentado à abreviatura nos anos 90, na ainda na liderança de Manuel Monteiro.

Assumindo-se como fiéis à matriz democrata-cristã, os subscritores assumem posições conservadoras no domínio do casamento e adopção homossexual, bem como do aborto e da eutanásia.

Entre os que assinam o texto estão ainda o deputado e líder da distrital de Viseu, Hélder Amaral, o líder da distrital de Viana do Castelo, Abel Baptista, bem como o líder da estrutura de Setúbal, João Viegas, e o ex-deputado Raul Almeida. O prazo para entrega de moções ao congresso termina esta sexta-feira.