Pompons e luxúria em duas novas marcas de sapatos portugueses

Friendly Fire e Biblical Lust são nomes de duas novas marcas de calçado portuguesas, presentes na maior feira do sector do mundo, em Milão

Fotogaleria

A crise juntou pompons, saltos altos, luxúria e ambição e fez nascer duas novas marcas de sapatos portuguesas pela mão de antigos desempregados que chegaram a Milão para a maior feira do sector do mundo.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A crise juntou pompons, saltos altos, luxúria e ambição e fez nascer duas novas marcas de sapatos portuguesas pela mão de antigos desempregados que chegaram a Milão para a maior feira do sector do mundo.

Mulheres confiantes, distintas, exuberantes, divertidas, que gostam de arriscar e gerar opinião. Este é o público-alvo de Rute Marques, 29 anos, e Alexandra Castro, 26, que é como quem diz Friendly Fire, a nova marca de sapatos portugueses que se lançou em Milão. Conhecem-se há mais de 11 anos, mas foi em 2015, e porque as licenciaturas — uma de nutrição e outra de ensino básico — que tiraram não deram a resposta esperada, que as duas se lançaram na aventura de criar a própria colecção de sapatos, aquela que lhes preenchia as medidas, que juntava as características das grandes marcas internacionais que cobiçavam, mas com um preço mais convidativo.

Por isso, e porque, como assumem, queriam "ganhar dinheiro", em Maio do ano passado decidiram "dar corda aos sapatos" e bater à porta da empresa de calçado JAM Fernandes, em Guimarães, com uma proposta: "Fazer uma colecção própria para vender online". Já não as deixaram sair.

Foto
A Biblical Lust remete para a identidade espiritual e carnal de cada um DR

"Convidaram-nos a ficar com a marca Friendly Fire", conta uma das criadoras, acabada de chegar à maior feira de calçado mundial e onde mais de 1.600 marcas, de cerca de 50 países, procuram dar a conhecer a melhor forma de calçar. No "stand" da Friendly Fire há pompons nos sapatos, flores, cristais e brilhantes. Há modelos inspirados nas "it girls" e há a "simbiose" de Rute e Alexandra que criam o que elas próprias gostariam de ter na sapateira lá em casa.

"Temos o olhar das consumidoras e fazemos o que nós gostamos", confessa Alexandra Castro, para quem o seu gosto pelo "mais sóbrio" combina com as cores de Rita numa "fusão que resulta" em modelos cujo preço pode variar entre os 100 e os 300 euros.

E se em Setembro de 2015 fizeram um primeiro ensaio, com alguns modelos, a colecção de lançamento "mais madura" está encomendada em 28 pontos de venda portugueses e lá por fora, na Irlanda, na Grécia, em Itália e em Espanha. Onde querem chegar? Estados Unidos da América é a resposta pronta, até porque, admitem, já aceitaram o mundo dos sapatos "para a vida". "Para nós, a crise e a falta de emprego foi uma oportunidade, uma hipótese que nos encaixou como um sapato", confessa Rute Marques.

O desemprego foi também o pontapé de saída para Ricardo Confraria, ex-comercial da área dos bens de grande consumo que foi seduzido pelo calçado "made in Portugal" e, juntamente com a mulher, lançou-se nos saltos altos e na espiritualidade da Biblical Lust, ou luxúria bíblica.

"A marca remete para a identidade espiritual e carnal de cada um", explica o responsável, que assume o "carácter sexual" e "erótico" presente nos sapatos, quer nos saltos altos, quer nas peles estampadas. Resultado de um investimento de 100 mil euros, a empresa foi criada em Agosto de 2015, aproveitou o "vale empreendedorismo" do novo quadro comunitário 2020 e procura agora não só estar presente no mercado nacional em lojas multimarca, mas também chegar aos mercados de França, Alemanha, Espanha e Reino Unido.

Cada par de sapatos, para homem ou mulher, pode oscilar entre os 250 e os 400 euros e junta "a melhor qualidade de materiais e o conforto ao design", ou não quisesse Ricardo Confraria vender o calçado "mais perfeito possível". "Acreditamos que as pessoas, no seu caminho pela vida, devem andar calçadas confortavelmente", conta o responsável da marca cujo lema é "perfection is not a perspective".

A Micam, que decorre até quarta-feira, 17 de Fevereiro, em Milão, conta com a participação de 95 empresas portuguesas, responsáveis por 500 milhões de euros em exportações.