Direita critica “inesperado” e “muito significativo aumento de impostos” para a classe média

CDS assume já o chumbo mas o PSD escusa-se até a revelar se mantém intenção de não apresentar propostas de alteração na discussão da especialidade.

Foto
O deputado social-democrata António Leitão Amaro voltou a criticar o OE Rui Gaudêncio

Ainda marcados pela célebre frase do ex-ministro das Finanças Vítor Gaspar sobre o “enorme aumento de impostos”, PSD e CDS tentaram esta sexta-feira adaptar o conceito e usá-lo para descrever o orçamento do Governo socialista. Os dois partidos mostraram-se preocupados com o efeito que um “inesperado” e “muito significativo aumento de impostos” vai ter sobre a classe média.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Ainda marcados pela célebre frase do ex-ministro das Finanças Vítor Gaspar sobre o “enorme aumento de impostos”, PSD e CDS tentaram esta sexta-feira adaptar o conceito e usá-lo para descrever o orçamento do Governo socialista. Os dois partidos mostraram-se preocupados com o efeito que um “inesperado” e “muito significativo aumento de impostos” vai ter sobre a classe média.

Foi Cecília Meireles quem arrancou com essa ideia em declarações aos jornalistas pouco depois de terminar a apresentação do ministro das Finanças sobre o Orçamento de Estado para 2016. “Estamos perante um aumento de impostos muito significativo. E se já era grave no esboço, é agora muito grave”, disse a deputada, acrescentando que se trata de impostos que “vão ao coração da classe média e das pequenas e médias empresas”.

O Governo socialista está a exigir à classe média e às PME que paguem a “factura dos acordos com o Bloco e com o PCP”, acrescentou Cecília Meireles, que criticou o facto de a equipa de António Costa rever a cada semana as previsões de indicadores essenciais como o défice e o crescimento criando um clima de “instabilidade”. Confrontada com o facto de o Governo que integrou também ter revisto estimativas, disse que não o eram “semana a semana”.

Questionada sobre uma comparação com os aumentos de impostos feitos pelo anterior Governo PSD/CDS, a deputada centrista justificou-se com a diferença de cenário: nessa altura havia um programa de ajustamento a decorrer mas isso foi apenas uma “página de sacrifício” que devia estar a ser ultrapassada com “gradualismo” para que a situação não se volte a repetir.

Considerando que “o mínimo que se exige a um Governo é que tenha o orçamento aprovado”, o CDS vai, no entanto, votar contra. “Escusávamos todos de ter passado por isto”, disse a deputada sobre o processo negocial com Bruxelas.

Apesar da torrente de críticas que o PSD tem sistematicamente feito desde que se começaram a conhecer algumas medidas do esboço do orçamento e de já ter admitido que poderá nem sequer apresentar propostas de alteração, o deputado António Leitão Amaro escusa-se agora a adiantar o que o partido tenciona fazer, argumentando que este é o “momento de discussão e de análise das opções principais”.

E essas, para o PSD, vão no mau caminho, já que a esquerda “vendeu ilusões” aos portugueses e agora o Governo PS apresenta um orçamento que “não realiza nenhum dos objectivos a que se propôs” e é uma “manta de retalhos” que “não acaba com a austeridade e nem vira a página”. “Temos um inesperado aumento de impostos, a pagar pela classe média, pelas famílias com filhos, pelas empresas. Sabemos agora que, afinal, os acordos das esquerdas têm um preço. É um preço pago pela classe média, é um preço que é pago em menos crescimento, em menos emprego, em menos riqueza e que coloca em causa a credibilidade externa de Portugal”, disse o deputado no Parlamento citando o aumento de 1600 milhões de euros na carga fiscal.

Leitão Amaro enumerou: este orçamento “não melhora — antes pelo contrário — o crescimento, não melhora o emprego, piora as exportações, dificulta o investimento, não realiza uma consolidação das finanças públicas. O que dá por um lado tira pelo outro”.

Veja aqui todas as notícias sobre o Orçamento do Estado 2016