Portugal diminui reembolsos ao FMI para 5800 milhões em 2016 e 2017

Este ano, o Estado só vai devolver 3300 milhões de euros, em vez dos 10 mil milhões que chegaram a estar previstos.

Foto
As necessidades de financiamento líquidas do Estado este ano são de 7000 milhões Patrícia de Melo Moreira

Depois de o falhanço da venda do Novo Banco ter empurrado uma parte dos reembolsos antecipados ao FMI para este ano, o Tesouro voltou a rever o montante a devolver ao Fundo. Em vez de devolver 16.900 milhões de euros já em 2016 e 2017, Portugal só vai pagar de forma antecipada 5800 milhões nestes dois anos.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Depois de o falhanço da venda do Novo Banco ter empurrado uma parte dos reembolsos antecipados ao FMI para este ano, o Tesouro voltou a rever o montante a devolver ao Fundo. Em vez de devolver 16.900 milhões de euros já em 2016 e 2017, Portugal só vai pagar de forma antecipada 5800 milhões nestes dois anos.

A estratégia permite à Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP reduzir o pico de financiamento neste período.

Numa apresentação dirigida aos investidores, a agência liderada por Cristina Casalinho prevê que o Estado reembolse de forma antecipada o Fundo Monetário Internacional em 3300 milhões de euros este ano, quando o objectivo anterior era pagar 10 mil milhões de euros.

O mesmo acontece em relação aos valores que o Tesouro previa pagar em 2017. Em vez de 6900 milhões de euros, serão reembolsados apenas 2500 milhões.

No ano seguinte serão devolvidos 4000 milhões, seguindo-se 500 milhões em 2019. Assim, de 2016 a 2019 o Estado vai reembolsar o Fundo em 10.300 milhões.

Numa entrevista à Lusa no final do ano passado, antes de se saber da alteração dos reembolsos ao Fundo, Cristina Casalinho não garantia que o objectivo que então estava em cima da mesa para 2016 pudesse ser cumprido (devolver antecipadamente 10 mil milhões).

“Não sabemos, isso depende muito da alienação de activos, da alienação do Novo Banco e da alienação dos activos do Banif que transitaram para o veículo [Naviget]”, dizia a presidente do IGCP, quando questionada se o adiamento da venda do Novo Banco punha ou não em causa aqueles objectivos.

Na apresentação preparada para os investidores, o IGCP diz que mantém o objectivo de continuar a emitir dívida com maturidades curtas, “reduzindo significativamente os picos de reembolso para os próximos anos”.

O programa de financiamento do IGCP para este ano prevê que as necessidades de financiamento líquidas do Estado sejam de 7000 milhões de euros.