Belém e Sequeira concordam com poderes do Presidente, Vitorino quer mais

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Maria de Belém debateu com Vitorino Silva e Jorge Sequeira Miguel Manso

Os candidatos presidenciais Maria de Belém e Jorge Sequeira concordaram esta quinta-feira que os poderes atribuídos pela Constituição ao Presidente da República são suficientes, enquanto Vitorino Silva entende que não chegam para o que quer fazer se for eleito.

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Os candidatos presidenciais Maria de Belém e Jorge Sequeira concordaram esta quinta-feira que os poderes atribuídos pela Constituição ao Presidente da República são suficientes, enquanto Vitorino Silva entende que não chegam para o que quer fazer se for eleito.

Num debate televisivo na RTP, que juntou os três candidatos às eleições presidenciais de 24 de janeiro, Maria de Belém Roseira e Jorge Sequeira concordaram quanto aos actuais poderes do Presidente da República.

O candidato Jorge Sequeira defendeu que a Presidência da República "não tem sido respeitada como deveria ser", apesar de não entender que tenha falta de poderes. "As coisas estão relativamente equilibradas, não há muito a fazer aí. Acho é que o Presidente da República devia ser mais respeitado. E será, com certeza, o próximo", afirmou, acrescentando que o Chefe de Estado deve ter a capacidade de diálogo, persuasão e de "chamar a si o Governo" com vista a uma melhor eficiência.

Jorge Sequeira disse mesmo que Cavaco Silva não foi capaz de alcançar consensos porque tem sido um Presidente da República "aliado a uma das facções".

Já Maria de Belém Roseira disse estar confortável com os poderes presidenciais, afirmando que, na sua opinião, "os poderes consagrados na Constituição ao Presidente da República (...) são suficientes". "O que é importante é que cada pessoa, de acordo com a sua personalidade, tire toda a potencialidade desses poderes que estão consagrados na Constituição", defendeu.

Por seu lado, o candidato Vitorino Silva, mais conhecido como Tino de Rans, entendeu que os atuais poderes do Presidente não chegam para que ele possa fazer o que quer, caso seja eleito, e deu como exemplo o facto de o chefe de Estado não poder fazer um referendo.

Acrescentou que, nessa matéria, avançaria com um referendo sobre a moeda única, justificando que o "euro encareceu e enganou as pessoas" e que, apesar de não defender a saída do euro, "não custa ouvir o povo".

Questionados os três candidatos sobre se têm um Presidente da República no qual se revejam, as opiniões divergiram e, se Maria de Belém apontou os nomes de Jorge Sampaio e Mário Soares como exemplos de Chefes de Estado que souberam "aprofundar os poderes de Presidente da República", Vitorino Silva escolheu o nome de Ramalho Eanes.

"Destaco Ramalho Eanes porque é o Presidente de que o povo mais gostou", defendeu, apontando que o maior feito de Ramalho Eanes enquanto Presidente está no facto de as "pessoas terem saudades dele".

Nesta matéria, o candidato Jorge Sequeira optou por não escolher qualquer um dos anteriores ou actual Presidentes da República.

"Revejo-me nas pessoas independentes, com caráter, com competência", adiantou, acrescentando que é preciso fazer despertar as consciências cívicas, porque não se pode "fazer coisas diferentes com pessoas iguais".

O tema da austeridade também esteve em cima da mesa e, enquanto Jorge Sequeira defendeu que é preciso saber viver com o dinheiro que existe, Vitorino Silva mostrou-se contra os governos que destroem o que os anteriores Executivos deixaram feito e Maria de Belém disse ser favorável à estabilidade das políticas estruturantes.