Candidato da oposição assassinado a tiro durante um comício na Venezuela

Vários candidatos e dirigentes da oposição alvo de ataques. "Oficialismo" acusado de ser responsável pela violência na campanha para as eleições de 6 de Dezembro.

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Lilian Tintori, mulher de Leopoldo Lopéz, participa na campanha eleitoral Juan Barreto/AFP

Um dirigente da oposição venezuelana e candidato às legislativas de 6 de Dezembro foi assassinado a tiro na quarta-feira à noite, durante um comício em Altagracia de Orituco.

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Um dirigente da oposição venezuelana e candidato às legislativas de 6 de Dezembro foi assassinado a tiro na quarta-feira à noite, durante um comício em Altagracia de Orituco.

Luis Manuel Díaz, secretário-geral de um ramo regional do partido Acção Democrática, estava no palco e preparava-se para encerrar o comício quando se ouviram tiros. O candidato foi transportado para o hospital, mas morreu no caminho.

No palco, ao seu lado, estavam outros dirigentes e Lilian Tintori, a mulher de um dos mais conhecidos líderes da oposição da Venezuela, Leopoldo Lopéz, que está preso.

O político e advogado da oposição Ramos Allup acusou os "grupos armados" do Partido Socialista Unido da Venezuela, no poder, de serem os autores dos disparos, escreve o correspondente do jornal espanhol El País na Venezuela. A mulher de Lopéz, Lilian Tintori, escreveu no Twitter: "Denunciarei em pormenor o terror, o acosso e a violência do regime". Tintori, que está a participar na campanha da oposição em vários estados da Venezuela, disse que tem sido alvo de "acosso" e que chegou a ser "retida" num aeroporto por elementos "oficalistas".

A Mesa de Unidade Democrática, que agrupa os partidos da oposição, que concorrem juntos nas eleições, emitiu um comunicado acusando também as autoridades oficiais de estarem a incentivar grupos armados e outros ligados ao partido no poder a perturbarem a campanha através de actos de intimidação. "Queremos dizer que o Estado venezuelano é responsável, por acção e omissão, de qualquer acto de violência na Venezuela. O incitamento à violência feito ao mais alto nível do Estado semeia o ódio", diz o comunicado, citado pelo El País.

A Mesa diz que o assassínio de Díaz não foi um acto isolado, já que desde o início da campanha eleitoral vários candidatos e dirigentes da oposição foram vítimas de actos de perseguição. No domingo passado, no estado de Bolívar, Miguel Pizarro, deputado do partido Primeiro Justiça, cancelou um acto de campanha (um desfile de automóveis), depois de um grupo de pessoas armadas e que usavam camisas vermelhas terem ameaçado disparar contra a caravana.

O dirigente do Primeiro Justiça, o ex-candidato presidencial Henrique Capriles (perdeu as eleições de 2013 por 2% para Nicolás Maduro) também denunciou o que considerou serem atropelos à campanha organizados pelo "oficialismo".

A Unasur, organização que agrega 12 países sul-americanos e tem observadores eleitorais na Venezuela, apelou ao fim da violência na campanha eleitoral e pediu às autoridades que abram uma investigação à morte de Díaz.