Fitch diz que adiamento da venda do Novo Banco pode afectar banca portuguesa

Agência de notação entende que processo de venda pode prejudicar o “ainda frágil” sector bancário português.

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Fitch acredita que testes de stress devem “esclarecer algumas questões sobre a posição de solvência do Novo Banco” Enric Vives Rubio

Para a Fitch, segundo o comunicado publicado nesta quarta-feira, a prorrogação da venda, anunciada a 15 de Setembro e que pode arrastar-se até meados de 2016, vem prejudicar a “ainda frágil”, embora em processo de estabilização, banca portuguesa.

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Para a Fitch, segundo o comunicado publicado nesta quarta-feira, a prorrogação da venda, anunciada a 15 de Setembro e que pode arrastar-se até meados de 2016, vem prejudicar a “ainda frágil”, embora em processo de estabilização, banca portuguesa.

A 15 de Setembro o Banco de Portugal anunciou que o processo de venda apenas seria reaberto depois da publicação dos resultados dos testes de stress aos bancos pelo Banco Central Europeu (BCE) no final do ano.

A agência entende que a publicação dos resultados dos testes de stress deve “esclarecer algumas questões sobre a posição de solvência do Novo Banco”, para que depois se “retome o processo de venda”.

Contudo, no entretanto, a Fitch estima que o adiamento da venda do banco combinado com a incerteza sobre a extensão das responsabilidades relacionadas para o sector bancário “podem enfraquecer o sentimento dos investidores e afectar adequação de capital do sistema por parte da Fitch”.

 “As condições operacionais para os bancos portugueses mantêm-se difíceis mas os resultados do primeiro semestre dos bancos acompanhados pela Fitch mostram uma recuperação tímida na rentabilidade", destacou a agência de notação, sublinhando que “a maioria dos bancos declarou lucros, com excepção do Montepio”.

O rácio de crédito malparado, que mede a qualidade dos activos, sobe a um ritmo mais lento, o que a Fitch interpreta como boas notícias pois “sugere um abrandamento nas taxas de incumprimento”.

A 3 de Agosto foi anunciada a intervenção pública no Banco Espírito Santo (BES), que resultou na sua repartição em duas entidades. Os activos de qualidade ficaram no “banco bom”, o Novo Banco, e os passivos e activos tóxicos ficaram no banco mau, desprovido de licença bancária.

O Novo Banco passou então a ser propriedade do Fundo de Resolução bancária, gerido pelo Banco de Portugal (BdP). O fundo ficou responsável por uma injecção de capital no valor de 4,9 mil milhões de euros, sendo que desses, 500 milhões seriam garantidos pelo sistema bancário (CGD, BCP, BPI, Santander, Montepio Geral, Banif, CCAM). O restante foi emprestado através de uma linha estatal negociada com a troika.

Apesar de o BdP não ter feito qualquer esclarecimento nesse sentido, a Fitch presume que, caso a venda do Novo Banco dê prejuízo, o pagamento dos bancos para cobrir a diferença seria “estendido” ao longo de vários anos.