Mais de 20% dos trabalhadores masculinos do sexo no Norte são portadores de VIH

Trabalhadores do sexo admitem ter relações sexuais sem preservativo.

"Quase todos os inquiridos (98,2%) afirmaram ter realizado o teste Vírus de Imunodeficiência Humana (VIH) e 21,1% são portadores do VIH", lê-se no sumário executivo de um estudo a que a Lusa teve acesso, nesta terça-feira.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

"Quase todos os inquiridos (98,2%) afirmaram ter realizado o teste Vírus de Imunodeficiência Humana (VIH) e 21,1% são portadores do VIH", lê-se no sumário executivo de um estudo a que a Lusa teve acesso, nesta terça-feira.

Os dados sumários do projecto ECOS - Educação, Conhecimento, Orientação e Saúde, revelam que mais de um quinto dos homens inquiridos (21,1%) é portador de VIH.

"Não é uma surpresa, mas é um número elevado e vai ao encontro aos relatos que obtivemos durante o estudo", observa Nuno Teixeira, coordenador do projecto ECOS - Educação, Conhecimento, Orientação e Saúde, lamentando que o uso do preservativo não seja "consistente".

Nuno Teixeira explica que muitos dos trabalhadores do sexo vêem-se obrigados a não usar preservativo, porque os clientes assim o exigem e "acabam mesmo por pagar mais dinheiro para o não-uso de preservativo".

"Os clientes não têm a percepção do risco ou se têm não valorizam como é perigoso para a saúde", refere, realçando que muitos clientes "têm vidas estruturadas, com filhos", estão na casa dos 50 anos, mas exigem o não-uso de protecção.

Como há cada vez menos clientes e querem pagar cada vez menos pelos serviços sexuais, os trabalhadores do sexo acabam por se sujeitar a práticas menos seguras e se associarmos esses factores ao consumo de drogas e álcool fica mais fácil ceder à exigência de não usar preservativo, conta Nuno Teixeira.

Os dados sumários resultam de um estudo denominado projecto ECOS - Educação, Conhecimento, Orientação e Saúde --, realizado entre Setembro de 2011 e agosto deste ano e que caracteriza uma amostra de 57 homens, entre os 19 e 54 anos, trabalhadores do sexo na região norte de Portugal, que foram inquiridos, explica o coordenador do projecto, Nuno Teixeira.


Um dos objectivos do projecto ECOS, co-financiado pelo Programa Nacional para a Infecção VIH/SIDA, foi "concorrer para a desocultação dos determinantes da infecção VIH/SIDA neste grupo específico".