A única offshore que não faz o Bloco enjoar

Para Catarina Martins, apelo de Passos as consensos não é para levar a sério.

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O objectivo da iniciativa é dar a conhecer aquilo que o Bloco considera um bom exemplo de um projecto nacional. No caso, trata-se da Companhia Pescaria do Algarve, que se dedica à aquacultura offshore de mexilhão e de ostras em alto mar – deve ser a primeira vez que os bloquistas incluem no seu léxico e de forma elogiosa a expressão offshore.

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O objectivo da iniciativa é dar a conhecer aquilo que o Bloco considera um bom exemplo de um projecto nacional. No caso, trata-se da Companhia Pescaria do Algarve, que se dedica à aquacultura offshore de mexilhão e de ostras em alto mar – deve ser a primeira vez que os bloquistas incluem no seu léxico e de forma elogiosa a expressão offshore.

Os bivalves são apanhados no mar, separados no barco e seguem depois para a fábrica. Tudo é feito de forma a respeitar o ambiente e os ciclos naturais. No fim, são vendidos em Portugal e lá fora, explica ainda o presidente executivo desta empresa, António Farinha, que garante que esta empresa é a maior produtora de bivalves da Península Ibérica.

Para Catarina Martins, este projecto representa aquilo que o país devia ser: alia à actividade preocupações ambientais e cria emprego e valor que não sai logo do país, também fica cá. A porta-voz acusa o Governo de incluir no discurso o tema das exportações quando muitas vezes, salienta, elas são feitas a baixo custo e suportadas por baixos salários.

É a primeira vez que Catarina Martins assiste a este processo: as redes são lançadas ao mar, os bivalves despejados depois em tanques dentro do barco, onde se faz logo a separação. Os que ainda são pequenos regressam à água.

Apesar do ambiente descontraído de toda a viagem, a porta-voz também ouviu queixas, sobretudo acerca da burocracia e da falta de transparência de alguns organismos do sector, como o Instituto Português do Mar e da Atmosfera. António Farinha lamenta que este instituto já tenha chegado a proibir a pesca com base em análises que acusam a presença de toxinas, sem no entanto as ter tornado públicas. Quanto à excessiva burocracia, prejudica o negócio: “Quem quiser apresentar um projecto, espera um ano para que haja uma decisão sobre esse projecto de investimento”, diz António Farinha.

À margem da iniciativa, a porta-voz do Bloco desvalorizou as declarações do presidente do PSD e primeiro-ministro Passos Coelho que se mostrou disponível para compromissos com todos os partidos com assento parlamentar depois das eleições legislativas.

Catarina Martins considerou que não são para levar a sério, porque vêm de alguém que “também disse que não ia cortar o subsídio de Natal” e, depois, “foi a primeira medida” que tomou. “Estamos a falar do primeiro-ministro que não cumpriu uma única meta a que se propôs e que fez o maior número de orçamentos rectificativos, porque nem a Constituição soube cumprir”, afirmou.