Rússia critica "histeria" face a suspeitas sobre reforço militar na Síria

Moscovo confirmou presença de especialistas para apoiar forças de Assad a usar armas. Fontes libanesas dizem que há tropas russas a combater.

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As forças governamentais sofreram vários vezes nos últimos meses AFP

Desde o fim-de-semana que Moscovo repete que nunca escondeu o seu apoio ao regime de Assad, tal como árabes e ocidentais fazem questão de anunciar que estão a treinar e a armar a rebelião. “Os especialistas militares russos estão apoiar os sírios ajudando-os a operar o material militar” que lhes foi enviado, afirmou Maria Zakharova, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

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Desde o fim-de-semana que Moscovo repete que nunca escondeu o seu apoio ao regime de Assad, tal como árabes e ocidentais fazem questão de anunciar que estão a treinar e a armar a rebelião. “Os especialistas militares russos estão apoiar os sírios ajudando-os a operar o material militar” que lhes foi enviado, afirmou Maria Zakharova, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Oficialmente, a presença russa na Síria está limitada ao porto de Tartus, a sua única base naval no Mediterrâneo, e o objectivo da missão é garantir ao regime de Damasco condições para derrotar o terrorismo. Zakharova adiantou que Moscovo não excluiu “medidas militares adicionais para combater o terrorismo”, mas denunciou a “estranha histeria” em relação às acções russas.

Já depois destas declarações, a Reuters citou três responsáveis libaneses conhecedores na situação do terreno, segundo os quais os soldados russos começaram recentemente a combater ao lado das forças governamentais sírias. Segundo uma das fontes, o número de militares envolvidos é ainda pequeno, enquanto outra garantiu que “os russos já não são só conselheiros”.

Antes, opositores do Presidente Vladimir Putin tinham começado a fazer circular selfies que alguns soldados  – alguns muito jovens para serem conselheiros militares ou formadores – colocaram no Facebook e no congénere russo VKontakte, posando ao lado de retratos de Assad ou de blindados com a bandeira síria. Têm geo-localização da Síria, algumas da província de Homs. O Exército sírio tinha também divulgado imagens de um novo blindado em acção, ouvindo-se em fundo ordens dadas em russo. E um navio russo foi fotografado a atravessar o Bósforo transportando no convés o que aparentavam ser veículos militares.

No sábado, a Administração norte-americana deu voz às suspeitas, denunciando “movimentações preparatórias preocupantes”. Em causa, informações de que a Rússia teria enviado instalações pré-fabricadas para albergar até mil soldados e uma estação móvel de controlo aéreo para uma base próxima de Latakia, bastião de Assad no Noroeste da Síria. “Tudo sugere a instalação de uma base aérea avançada”, disse na terça-feira à agência AFP um responsável americano, adiantando que nos dias anteriores três aviões – dois de carga e um de transporte de tropas – tinham aterrado naquela base aérea.

No mesmo dia ficou a saber-se que Washington pediu à Bulgária e à Grécia que recusassem a passagem pelo seu espaço aéreo de aviões russos com destino à Síria. Para irritação russa, Sófia acatou o pedido e diz que só o levantará caso possa inspeccionar a carga dos aviões.

Os responsáveis norte-americanos são os primeiros a admitir que não têm confirmação sobre a presença de um contingente russo na zona e muito menos há certezas sobre quais seriam as intenções de Moscovo. Alguns analistas especulam que o objectivo seria contrariar as perdas sofridas nos últimos meses pelas forças governamentais, começando por assegurar que Latakia, onde a rebelião conseguiu alguns avanços, continua a ser um bastião de Assad. Outros admitem que Putin quer tão só garantir que tem influência suficiente no terreno para ter uma palavra decisiva num futuro governo.