Vinte e cinco deputados abandonam o Syriza e criam o Unidade Popular

Ala esquerda do Syriza concretiza ameaças e forma novo partido que não conta com Varoufakis ou com o Presidente do Parlamento grego, também críticos do acordo.

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Panagiotis Lafazanis lidera a nova formação de esquerda Stoyan Nenov/REUTERS

Era dado como certo que os deputados da Plataforma de Esquerda do Syriza abandonariam o partido antes das eleições antecipadas, que parecem agora uma inevitabilidade, depois da demissão de Tsipras. Vários elementos já haviam anunciado um movimento nacional contra aquilo que entendem ser uma traição dos preceitos antiausteridade que guiaram a campanha do Syriza. Mas nem todos os críticos das cedências do Governo estão no novo Unidade Popular.

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Era dado como certo que os deputados da Plataforma de Esquerda do Syriza abandonariam o partido antes das eleições antecipadas, que parecem agora uma inevitabilidade, depois da demissão de Tsipras. Vários elementos já haviam anunciado um movimento nacional contra aquilo que entendem ser uma traição dos preceitos antiausteridade que guiaram a campanha do Syriza. Mas nem todos os críticos das cedências do Governo estão no novo Unidade Popular.

Nenhum dos 12 deputados que se abstiveram ou faltaram quando o Parlamento aprovou o novo programa fazem parte do Unidade Popular, e o mesmo acontece com seis dos deputados que votaram contra o pacote de medidas na semana passada.  

Nem o ex-ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, ou a presidente do Parlamento, Zoe Konstantopoulou, fazem parte dos 25 novos membros do Unidade Popular, embora ambos tenham votado contra o novo programa de empréstimo. O partido tem ainda tempo para crescer antes das eleições do final de Setembro, uma vez que as listas só fecham no dia 9.

Alexis Tsipras demitiu-se do cargo de primeiro-ministro na quinta-feira. Num discurso ao país, admitiu que o seu Governo não conseguiu o acordo que desejava dos credores e afirmou que sentia a necessidade de se recandidatar para ser novamente avaliado pela população grega.

Ao fazê-lo, Tsipras deixou o governo interino nas mãos do presidente do Supremo Tribunal, Vasiliki Thanou, um crítico do novo programa, e abriu caminho para eleições antecipadas, que deverão ser convocadas para o dia 20 de Setembro. 

Presidente convida líder do Nova Democracia para formar governo
Nesta sexta-feira, o Presidente grego, Prokopis Pavlopoulos, convidou formalmente o líder do Nova Democracia para tentar construir Governo e evitar um cenário de eleições antecipadas. Mas este convite não passa de uma formalidade, uma vez que este partido de centro-direita tem apenas 76 deputados e teria de fazer uma coligação com todos as outras formações representadas no Parlamento, incluindo o Partido Comunista da Grécia e os neonazis do Aurora Dourada, para ter uma maioria de 151 deputados.

O novo programa de empréstimos foi aprovado na semana passada, com o voto da principal oposição e por apenas 118 dos 162 deputados da coligação governamental. Abaixo, portanto, dos 120 necessários para que o Governo sobrevivesse a um voto de confiança.

O Unidade Popular tornar-se-ia a terceira força no Parlamento grego caso elegesse os seus 25 membros. À frente do To Potami, centrista, e do Aurora Dourada, cada um com 17 deputados.