Polícia angolana detém manifestantes que pediam libertação de activistas

Procuradoria anunciou que "em breve" estará terminado o inquérito sobre os jovens que acusou de estarem a preparar golpe de Estado.

Foto
Manifestação em Lisboa de solidariedade com os activistas presos em Angola Patricia Martins/PÚBLICO/arquivo

Os detidos terão no entanto sido libertados. Este tem sido o procedimento habitual nestas manifestações, que leva o regime a dizer as pessoas são "retidas", e não detidas.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Os detidos terão no entanto sido libertados. Este tem sido o procedimento habitual nestas manifestações, que leva o regime a dizer as pessoas são "retidas", e não detidas.

A manifestação tinha sido convocada pelos familiares dos activistas detidos a 27 de Julho, alegadamente por estarem a preparar um golpe de Estado e inicialmente teve luz verde. Mas depois foi “desautorizada”, numa carta de 4 de Agosto, onde o governador Graciano Domingos justifica a decisão com o percurso escolhido como motivo para impedir a manifestação.

O itinerário não respeitaria a distância de 100 metros exigidos legalmente de edifícios dos órgãos de soberania porque iria culminar com a entrega de uma petição, a pedir a libertação dos jovens, na Procuradoria-Geral da República.

Respeitando as recomendações em relação ao percurso, os familiares prosseguiram com a marcha, a iniciar-se no Largo da Independência, em Luanda, mas nem dez minutos durou, segundo a descrição do Rede Angola: um dos oficiais da polícia deu a ordem “espanquem, comecem a bater”, e o protesto começou a ser reprimido.

Na sexta-feira a famílias dos detidos foram recebidas pelo vice-procurador-geral da República, general Hélder Pita Grós, que lhes garantiu que o inquérito está na fase final de instrução e que deverá dentro “de poucos” dias ser finalizado.

Até agora, não foi formalizada nenhuma acusação contra os 15 activistas – apenas foi divulgada a ideia de que estariam a preparar um golpe de Estado, porque estavam a organizar um debate em torno de um livro sobre resistência pacífica.

“Agora a fase seguinte, só depois é que saberemos. Se o processo vai para o tribunal, se há matéria de acusação”, explicou o general Hélder Pita Grós, citado pelo Rede Angola, em declarações aos jornalistas, após um encontro à porta fechada na Procuradoria-Geral da República, em que estiveram presentes Leonor Odeth João, mãe de Mbanza Hamza, Adélia Chivonde, mãe de Manuel Nito Alves, e a irmã de Nuno Álvaro Dala, Gertrudes Piedade Raúl Dala. De acordo com vice-procurador, foi endereçado o convite a todas as famílias, mas apenas três se apresentaram no encontro.