Fisco fez mais de 400 inspecções por dia em 2014

Acções de fiscalização, coimas e recuperação coerciva de dívidas permitiram encaixe de 2500 milhões de euros aos cofres do Estado. Combate à economia paralela rendeu 760 milhões.

Foto
Inspecções do fisco têm aumentado "a percepção de risco" do incumprimento, diz Governo Miguel Manso

No balanço feito pelo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais – que contabiliza um total de 3310 milhões de euros de encaixe para os cofres públicos com as medidas de combate à fraude, recuperação de dívidas, coimas ou cobranças coercivas – é destacado o “forte efeito de percepção social, induzido na sociedade em geral” da acção do fisco. A constatação “de que as infracções têm uma elevada probabilidade de serem detectadas e corrigidas aumenta a percepção do risco” e contribui “para a manutenção de elevados índices de cumprimento das obrigações fiscais”, lê-se no documento.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

No balanço feito pelo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais – que contabiliza um total de 3310 milhões de euros de encaixe para os cofres públicos com as medidas de combate à fraude, recuperação de dívidas, coimas ou cobranças coercivas – é destacado o “forte efeito de percepção social, induzido na sociedade em geral” da acção do fisco. A constatação “de que as infracções têm uma elevada probabilidade de serem detectadas e corrigidas aumenta a percepção do risco” e contribui “para a manutenção de elevados índices de cumprimento das obrigações fiscais”, lê-se no documento.

A estratégia de actuação da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), “com vista a optimizar os procedimentos de controlo desenvolvidos”, traduziu-se no ano passado em recuperações de créditos e penalizações de incumprimento. O valor do combate à fraude e evasão fiscal superou os 2500 milhões de euros graças às inspecções e à recuperação de dívidas “por via coerciva e coimas”. Ao mesmo tempo, os “ganhos de eficiência da AT no combate à economia paralela ascenderam a 760 milhões de euros”.

Só a cobrança coerciva rendeu 1148 milhões de euros, 4,3% acima do objectivo anual fixado ao fisco. As notas de cobrança, emitidas depois de correcções, ascenderam aos 1049 milhões de euros. As coimas somaram 232 milhões e a regularização voluntária de imposto 129 milhões.

No IRC, a AT emitiu 2880 notas de cobrança no valor de 514 milhões, que tiveram como origem as correcções da inspecção tributária, 62% acima de 2013. Ao mesmo tempo, o projecto e-factura terminou o ano com 4806 milhões de facturas comunicadas, o que corresponde a um crescimento de 12,3% face a 2013, o primeiro ano de implementação do sistema.

A estratégia adoptada teve, assim, um efeito económico “directo e imediato, através da recuperação de créditos tributários e de direitos aduaneiros” e da penalização do incumprimento. Indirectamente, o Governo acredita que face às inspecções e sanções, quem não cumpre a lei vai passar a fazê-lo “perante a evidência de poder ser detectado de novo”.

É certo que este movimento de controlo vai acentuar-se. O Governo já anunciou um novo plano de combate à fraude para o período de 2015-2017, através do qual pretende aumentar a fiscalização, nomeadamente sobre as retenções na fonte de IRS. A intenção é garantir que o valor do imposto adiantado ao Estado todos os meses não está a ser inferior ao previsto nas tabelas e, por isso, o Ministério das Finanças vai reforçar o cruzamento das informações fiscais dos contribuintes.

De um pacote de 40 medidas previstas no novo plano de combate à fraude e evasão fiscais para o período 2015-2017, oito estão directamente relacionadas com o controlo das obrigações de entrega da retenção na fonte.

Uma das medidas passa por implementar um sistema automático para verificar se o valor retido mensalmente pelas empresas por cada trabalhador está de acordo com “tendo em conta a sua real situação familiar” – por exemplo, se o contribuinte em causa é de facto o único titular de rendimento, se quando é casado a retenção na fonte está a ser feita correctamente.

Com esta monitorização mais apertada, a AT poderá aferir se a empresa está a fazer a retenção de acordo com o estado civil do trabalhador, por exemplo. E verificar se os filhos estão correctamente considerados na declaração fiscal, para assegurar que os dependentes não têm mais de 25 anos, o limite até ao qual podem ser considerados no IRS dos pais (se, por exemplo, estiverem a estudar e não auferirem rendimentos).

Cruzar as informações relativas às remunerações declaradas à Segurança Social e à AT é outra das prioridades, que o Ministério das Finanças quer implementar através de um sistema automático.