Parlamento grego aprova referendo e Tsipras apela a “grande não”

No domingo 5 de Julho os gregos dizem se aceitam os termos das propostas dos credores.

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Tsipras apelou a um "grande não" às propostas dos credores Yannis Behrakis/Reuters

Segundo a contagem final revelada pelo jornal Kathimerini, 178 deputados votaram a favor do referendo, 120 contra e dois estiveram ausentes. Além do Syriza e dos Gregos Independentes (que formam a coligação de governo), também os deputados do Aurora Dourada (neonazi) votaram a favor do referendo, enquanto a Nova Democracia (conservadores), o Pasok (socialistas), o To Potami (centristas) e o KKE (comunistas) votaram contra.

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Segundo a contagem final revelada pelo jornal Kathimerini, 178 deputados votaram a favor do referendo, 120 contra e dois estiveram ausentes. Além do Syriza e dos Gregos Independentes (que formam a coligação de governo), também os deputados do Aurora Dourada (neonazi) votaram a favor do referendo, enquanto a Nova Democracia (conservadores), o Pasok (socialistas), o To Potami (centristas) e o KKE (comunistas) votaram contra.

Este será o segundo referendo na Grécia, após, em 1974, o país ter votado a favor da abolição da monarquia.

Um correspondente da Bloomberg em Atenas já teve acesso à pergunta sobre a qual os gregos terão de se pronunciar. Primeiro, há uma longa introdução, em que se diz que em causa está o acordo apresentado pela troika de credores (BCE, Comissão Europeia e FMI) na reunião do Eurogrupo da passada quinta-feira e que consiste em dois documentos (um sobre o programa em vigor e propostas para o futuro, e outro sobre a sustentabilidade da dívida). Estes ainda não são conhecidos publicamente, mas a ideia é que os cidadãos digam se aceitam ou não aceitam as propostas da troika (apresentada como “as instituições”).

No seu discurso no Parlamento, antes da votação, Tsipras apelou ao povo grego que “diga um grande não ao ultimato” dos credores internacionais.

A proposta de referendo, anunciado na sexta-feira por Tsipras, levou à ruptura nas negociações com as instituições europeias e o Fundo Monetário Internacional, levando já a zona euro a discutir um "plano B" para enfrentar o agravamento da crise grega, embora os responsáveis europeus mantenham que a Grécia continua a fazer parte da moeda única.

Na próxima terça-feira termina o prazo para a Grécia devolver 1544 milhões de euros ao FMI e termina igualmente o actual programa de assistência, o que vai aumentar a pressão sobre o sistema financeiro grego. Christine Lagarde, directora-geral do FMI, disse à BBC que, tendo isso em conta, o referendo, tal como está previsto, deixará de fazer sentido, já que as propostas definidas pelos credores deixarão de estar em cima da mesa. Ainda assim, Lagarde defende que o Governo grego está a tempo de cancelar o referendo e de aceitar o plano da troika. Não exclui igualmente a possibilidade de novas negociações, caso os gregos votem maciçamente no "sim". 

Desde que Tsipras anunciou a intenção de levar as propostas da troika a referendo, os gregos acorreram em massa às caixas multibanco.

O Banco Central Europeu (BCE) vai discutir neste domingo a situação da Grécia, relativamente à continuidade, ou não, do mecanismo de assistência de liquidez providenciado aos bancos.

Os sinais de que o Governo grego pode ser forçado a impor um controlo sobre os movimentos de capitais ou mesmo um encerramento temporário dos bancos, como aconteceu em Chipre em 2013, parecem cada vez mais reais.