À beira do fim

Uma singular fita realista de zombies, com Schwarzenegger num raro papel dramático.

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Parece, no papel, uma receita para o desastre (e quem estiver à espera de um “filme de porrada” pode já desistir de ver Maggie). Mas a estreia na realização do designer britânico Henry Hobson (responsável pelos genéricos e interlúdios dos Óscares) é uma fita bem curiosa: é uma versão mais grave e adulta dos melodramas de doença terminal (como A Culpa É das Estrelas) situada entre a liberdade formal de um Terrence Malick e a miniatura ruralista de um Jeff Nichols.

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Parece, no papel, uma receita para o desastre (e quem estiver à espera de um “filme de porrada” pode já desistir de ver Maggie). Mas a estreia na realização do designer britânico Henry Hobson (responsável pelos genéricos e interlúdios dos Óscares) é uma fita bem curiosa: é uma versão mais grave e adulta dos melodramas de doença terminal (como A Culpa É das Estrelas) situada entre a liberdade formal de um Terrence Malick e a miniatura ruralista de um Jeff Nichols.

Ambientado numa América profunda nas garras do “vírus necro-ambulista” - essencialmente, uma doença que torna os afectados em zombies – é um requiem impressionantemente controlado por Hobson e pelo seu director de fotografia Lukas Ettlin, acompanhando os últimos dias de uma adolescente “condenada” pelo vírus, passados a dizer adeus à família e aos amigos.

Abigail Breslin, a miúda de Little Miss Sunshine, é excelente no papel principal, e Schwarzenegger surge surpreendentemente sóbrio como o pai às aranhas com a situação; Maggie não evita uma certa sisudez morosa de adolescente hiper-sensível, e parece esticar ao excesso uma narrativa que talvez não tenha sustentação para hora e meia. Mas é, no bom sentido, uma fita muito singular, “do seu tempo” e ao mesmo tempo “contra” ele.