Onze polícias afegãos condenados por linchamento de uma mulher

Num julgamento anterior quatro pessoas foram condenadas à morte, entre elas o homem que acusou falsamente Farkhunda de ter queimado o Corão.

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Um grupo de artistas de Cabul recriou o linchamento de Farkhunda Omar Sobhani/Reuters

Farkhunda, que tinha 28 anos, foi morta em Março por uma multidão depois de ter sido acusada de ter incendiado um Corão, o livro sagrado do islão. A multidão incendiou depois o corpo da mulher e atirou-o a um rio.

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Farkhunda, que tinha 28 anos, foi morta em Março por uma multidão depois de ter sido acusada de ter incendiado um Corão, o livro sagrado do islão. A multidão incendiou depois o corpo da mulher e atirou-o a um rio.

Todo o crime foi presenciado por um grupo de polícias que, considerou o tribunal da capital afegã, nada fez para salvar a vítima. Os 11 polícias foram condenados a um ano de prisão, oito foram absolvidos por falta de provas. Mas em Maio, num primeiro julgamento ligado a esta morte, quatro pessoas foram condenadas à morte e oito foram sentenciadas com penas até aos 16 anos de cadeia.

"São condenados a um ano de prisão por negligência, por não terem feito o vosso trabalho", disse o juiz do tribunal de Cabul aos polícias, segundo o relato da BBC. "O veredicto não é final e os condenados têm direito a recorrer da decisão", informou o magistrado, Safiullah Mojaddidi, segundo a agência AFP.

O caso de Farkhunda indignou o país, sobretudo as mulheres que exigiram justiça, e foi aberta uma investigação que concluiu que a mulher não queimou o Corão, tendo a falsa acusação partido de um vendedor com quem tivera uma discussão no mercado de Shah-du-Shamshaira. As mulheres manifestaram-se exigindo alterações na actuação da polícia e da Justiça perante a violência contra elas, que é tolerada e considerada um acto banal no Afeganistão.

O vendedor foi um dos condenados à morte num processo que foi criticado por ter decorrido de forma demasiado rápida e sem que alguns dos réus tivessem tido advogado de defesa.