Utentes satisfeitos com SNS mas 53% defendem necessidade de grandes mudanças
Estudo da Direcção-Geral da Saúde aponta para que 10% dos inquiridos tenham deixado de ir a consultas, exames ou de comprar medicamentos por dificuldades financeiras.
As conclusões fazem parte do Estudo de Satisfação dos Utentes do Sistema de Saúde Português, realizado pelo Departamento da Qualidade na Saúde da Direcção-Geral da Saúde. Os dados obtidos resultam de 2300 entrevistas telefónicas feitas entre Fevereiro e Março de 2015 pela empresa Eurosondagem junto da população residente em Portugal Continental. A DGS reconhece “parecer haver dissonância” entre aquilo que a população pensa da qualidade do serviço prestado e a “percepção da necessidade de melhoria da oferta dos cuidados que recebe”. Mas contrapõe que a diferença “pode simplesmente reflectir um desejo natural do consumidor de procurar a excelência nos serviços que lhe são oferecidos”.
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As conclusões fazem parte do Estudo de Satisfação dos Utentes do Sistema de Saúde Português, realizado pelo Departamento da Qualidade na Saúde da Direcção-Geral da Saúde. Os dados obtidos resultam de 2300 entrevistas telefónicas feitas entre Fevereiro e Março de 2015 pela empresa Eurosondagem junto da população residente em Portugal Continental. A DGS reconhece “parecer haver dissonância” entre aquilo que a população pensa da qualidade do serviço prestado e a “percepção da necessidade de melhoria da oferta dos cuidados que recebe”. Mas contrapõe que a diferença “pode simplesmente reflectir um desejo natural do consumidor de procurar a excelência nos serviços que lhe são oferecidos”.
Ainda sobre esta questão, o estudo destaca que são mais os cidadãos que recorrem ao sector privado a apontar necessidades de mudança nos serviços de saúde do que aqueles que efectivamente frequentam os centros de saúde e hospitais públicos. Aqui, a DGS ressalva que apesar de as perguntas dizerem respeito aos serviços de saúde em geral (públicos e privados), que muitas vezes as questões eram entendidas como dizendo apenas respeito ao SNS. No total, só 17% das pessoas disseram que o sistema de saúde funciona bem e 26% referiram a necessidade de pequenas mudanças. No entanto, se forem separados os utentes do público e do privado, no primeiro caso 18% das pessoas destacam o bom funcionamento, um valor que cai para 13% nos segundos.
Do lado mais radical, 16% dos inquiridos disseram que os serviços (público e privado) precisam de ser completamente restruturados e 39% responderam que são necessárias grandes mudanças. Nos utentes do sector público a opinião mais radical desce para 15% e sobe para quase 22% na percepção sobre quem frequenta o privado. As grandes mudanças foram apontadas por 38% dos utilizadores do serviço público e por 42% dos que utilizam o privado. A este propósito a DGS diz que o facto dos utilizadores do privado terem pior percepção sobre o SNS pode ter como base “o eventual preconceito contra o serviço público que leva esta população a frequentar o sector privado, como já verificado em outros estudos”.
A DGS procurou também perceber o impacto que a crise financeira teve na procura e utilização de cuidados de saúde e de medicamentos. O trabalho aponta para que no último ano cerca de 3% doas pessoas (seja no sector público seja no privado) tenham faltado a consultas por não terem transporte. Houve também 8% dos inquiridos a reconhecerem que faltaram a consultas por dificuldades financeiras. O valor sobe para quase 10% se forem tidos em conta apenas os dados dos utilizadores do SNS. Mesmo assim o trabalho destaca que este foi “o segundo melhor” valor registado em trabalhos deste tipo.
Numa pergunta semelhante mas referente a exames médicos e tratamentos, a percentagem de pessoas que deixou de os realizar por dificuldades financeiras ficou-se nos 11%, com uma diferença de 13% nos utilizadores do público e de perto de 5% nos do privado. Em termos de medicamentos, o dinheiro motivou que 10% das pessoas deixassem de comprar alguma coisa prescrita – mais uma vez com diferenças significativas entre utentes do SNS e do sector privado, de 13% e 2%, respectivamente.
O tempo de espera para as consultas de especialidade foi também motivo de reparo por parte dos utentes do SNS, com 42% a dizerem que esperam mais de quatro semanas. No entanto, a DGS salienta que mesmo assim há 39% de utentes a dizerem que foram vistos antes deste prazo e recorda que para as consultas não urgentes a própria lei prevê tempos de resposta mais alargados.