Associação 25 de Abril volta a faltar às comemorações na AR

Pelo quarto ano consecutivo, os militares não estarão presentes na cerimónia oficial no Parlamento. Justificam decisão com os "crescentes e continuados desvios às esperanças e valores de Abril".

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Em 2012, 2013 e 2014, a associação também não esteve presente na sessão solene do 25 de Abril no Parlamento, justificando a ausência com "crescentes e continuados desvios às esperanças e valores de Abril". Esta quinta-feira, em declarações ao PÚBLICO, Vasco Lourenço, da Associação 25 de Abril, revelou que a entidade vai participar nas manifestações populares que comemoram a revolução dos cravos. Recorda-se que no ano passado, a associação convocou uma concentração para o Largo do Carmo, evocativa dos 40 anos do 25 de Abril, seguida de um desfile que, entre outras artérias, percorreu a rua António Maria Cardoso, onde era a sede da PIDE/DGS. Naquele local, no final da tarde de 25 de Abril de 1974, os agentes da polícia política responderam ao cerco popular disparando sobre os manifestantes e provocando cinco mortos, quatro civis e um militar. Assim, este ano, os militares de Abril inão convocam nenhuma manifestação específica, integrando-se nos habituais desfiles populares.

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Em 2012, 2013 e 2014, a associação também não esteve presente na sessão solene do 25 de Abril no Parlamento, justificando a ausência com "crescentes e continuados desvios às esperanças e valores de Abril". Esta quinta-feira, em declarações ao PÚBLICO, Vasco Lourenço, da Associação 25 de Abril, revelou que a entidade vai participar nas manifestações populares que comemoram a revolução dos cravos. Recorda-se que no ano passado, a associação convocou uma concentração para o Largo do Carmo, evocativa dos 40 anos do 25 de Abril, seguida de um desfile que, entre outras artérias, percorreu a rua António Maria Cardoso, onde era a sede da PIDE/DGS. Naquele local, no final da tarde de 25 de Abril de 1974, os agentes da polícia política responderam ao cerco popular disparando sobre os manifestantes e provocando cinco mortos, quatro civis e um militar. Assim, este ano, os militares de Abril inão convocam nenhuma manifestação específica, integrando-se nos habituais desfiles populares.

"Neste ano de 2015, porque essas razões se acentuaram, porque vivemos numa situação onde o próprio Presidente da República não cumpre, em nosso entender, a sua função constitucional de garante do regular funcionamento das instituições, volta a Associação 25 de Abril a declinar o convite", refere a direcção da Associação, em comunicado citado pela agência Lusa.

No entanto, a direcção da Associação 25 de Abril, presidida pelo capitão de Abril Vasco Lourenço, frisa que mantém pela instituição da Assembleia "uma grande consideração". "É essa consideração pelo mais genuíno representante do povo português que, independentemente de posições muito críticas face à forma como cumpre o preceito constitucional de fiscalizar a acção do Governo, nos leva a aceitar o convite e a colaborar com a Assembleia da República em actividades evocativas do 25 de Abril e das eleições para a Assembleia Constituinte realizadas há 40 anos", refere.

A direcção da associação salienta que continua a acreditar "que os problemas da democracia só se resolvem com mais democracia". "Voltamos a esclarecer que, com esta nossa atitude, não pretendemos colocar em causa as instituições de soberania democrática, não queremos confundi-las com os que são seus titulares e exercem o poder", acrescenta.

No comunicado, a Associação 25 de Abril faz ainda votos para que, em 2016, "estejam criadas condições" que lhe permitam voltar a aceitar o convite para participar na sessão solene da Assembleia da República, comemorativa dos 42 anos do 25 de Abril. "Até lá, apelamos aos portugueses para que lutem e exerçam todo o esforço na recuperação dos valores que há 41 anos nos levaram a arrancar para uma acção libertadora, de que muito nos orgulhamos", sublinham.

No ano passado houve mesmo uma troca de recados indirecta entre a presidente do Parlamento, Assunção Esteves, e o responsável pela Associação, Vasco Gonçalves, sobre o tipo de convite que é feito aos antigos militares, que entendiam que também deveriam usar na palavra na cerimónia. Essa pretensão era rejeitada por Assunção Esteves, que considerou que apenas os responsáveis eleitos, da hierarquia do Estado, o deviam fazer.

Já este ano a presidente da Assembleia da República reuniu-se com os dirigentes da Associação 25 de Abril e esperava-se que o diferendo estivesse sanado.