O homem da Renascença

Dois filmes muito diferentes que sublinham a presença de Michel Houellebecq como agente provocador da figura do intelectual público.

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São dois objectos que escapam inteligentemente à narrativa tradicional para percorrerem, de modos diferentes mas igualmente interessantes, os territórios mais distantes dos “cinemas do real”. A vantagem, para nós, vai para O Rapto de Michel Houellebecq, uma divertidíssima experiência que ficciona a partir da realidade sob a aparência de um falso documentário, com o escritor a interpretar-se a si próprio numa recriação ficcionada do período em 2011 em que esteve desaparecido durante alguns dias. 

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São dois objectos que escapam inteligentemente à narrativa tradicional para percorrerem, de modos diferentes mas igualmente interessantes, os territórios mais distantes dos “cinemas do real”. A vantagem, para nós, vai para O Rapto de Michel Houellebecq, uma divertidíssima experiência que ficciona a partir da realidade sob a aparência de um falso documentário, com o escritor a interpretar-se a si próprio numa recriação ficcionada do período em 2011 em que esteve desaparecido durante alguns dias. 

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O filme tem um lado de comédia burlesca desacelerada a que a presença quase clownesca de Houellebecq empresta um humor escarninho e desarmante – é essa presença que também se vê em Experiência de Quase-Morte, embora o filme não insista no humor que se esperaria da dupla francesa Benoît Delépine e Gustave Kervern (Aaltra, Mammuth). É um objecto sombrio e desesperado, espécie de adeus ao mundo de um suicida que chegou ao fim da linha, elegiacamente interpretado por Houellebecq como um homem que sente ter cumprido a sua obsolescência programada, filmado de modo quase experimental e rigoroso, mas que se perde aqui e ali numa diletância algo difusa. Em ambos os casos, contudo, o escritor e o seu pensamento são centrais ao que se quer fazer – um olhar esquinado, um tudo nada apocalíptico, sobre uma civilização que insiste em agarrar-se a uma ideia de sociedade que parece já ter desaparecido, e onde o próprio papel do intelectual público é questionado com inteligência e alguma irrisão.

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