Estado Islâmico publica vídeo da destruição de Hatra

Martelos e metralhadoras foram usados para destruir património histórico iraquiano .

Foto
Os extremistas atacaram o sitío arquelógico iraquiano em Março DR

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Como já vem sendo hábito na propaganda jihadista, o vídeo, divulgado neste fim-de-semana, tem uma realização profissional. Nele, vários homens aparecem a destruir diferentes esculturas. Uns fazem-no com martelos e há outro que dispara uma metralhadora contra as obras. O ataque aconteceu a 7 de Março, dias depois de os jihadistas terem saqueado e destruído Nimrud, no norte do Iraque, uma das cidades mais importantes da antiga Mesopotâmia e ponto de referência na história da civilização.

Hatra, que é conhecida pelos seus templos de colunas de influência clássica, situa-se na província de Nínive, nas mãos dos extremistas desde Junho de 2014. O EI tem vindo a impor pesadas perdas ao património iraquiano, procurando eliminar os vestígios do passado pré-islâmico do país. Os seus membros defendem que a destruição de esculturas, frisos, relevos e documentos milenares faz parte do seu combate contra a idolatria, proibida pelo Profeta.

Hatra e Nimrud ficam ambas a sul de Mossul, numa região com quase dois mil sítios arqueológicos registados (o Iraque tem 12 mil). Mossul, a cidade mais importante do Norte do Iraque, foi tomada pelo Estado Islâmico em Junho do ano passado.

De acordo com o site da UNESCO, Hatra é um excelente exemplo das cidades fortificadas do Médio Oriente, símbolo das lutas que opuseram os impérios parta (uma das potências da antiga Pérsia) e romano na hora de dividir o que restou dos domínios de Alexandre, o Grande. Terá começado por ser um pequeno povoado assírio, no século III a.C., para 100 anos depois se transformar num importante entreposto da Rota da Seda, podendo ser comparada a outras grandes cidades árabes, como Palmira, na Síria, ou Petra, na Jordânia. Os vestígios que nela hoje se encontram datam, na sua maioria, dos séculos I e II e neles, sobretudo nos templos, as marcas da arquitectura romana e grega misturam-se com motivos orientalizantes.