Je suivrai Charlie

Não sei como é que os sobreviventes do CH conseguiram publicar um número menos de uma semana depois dos massacres de Paris. Mas conseguiram. E com graça, em todos os sentidos da palavra.

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Não sei como é que os sobreviventes do CH conseguiram publicar um número menos de uma semana depois dos massacres de Paris. Mas conseguiram. E com graça, em todos os sentidos da palavra.

Há muitos anos que não lia o CH regularmente. Em 2015 dá-me grande prazer. Nada tem que ver com solidariedade e muito menos com pena. O CH é um jornal satírico, divertido e empenhado (sobretudo contra a asquerosa FN), mas é também um registo de estupidezes, vaidades e ganâncias políticas.

Aprende-se tanto com uma única edição do CH sobre a política francesa (e os franceses) como se aprende com uma semana truncada de Jon Stewart (no Daily Show) ou resumida de John Oliver (no Last Week Tonight) sobre a política dos EUA (e os americanos).

A generosa onda "Je suis Charlie", rápida e democraticamente seguida por um desfile saudável e previsível de toda a gente que nem era nem queria saber, teve um defeito gigantesco: juntou muitos milhares de pessoas que nunca tiveram o prazer de ler o CH. Imaginaram – se é que pensaram nisso – que se tratava de um jornal selvagem e satírico, concebido e lançado para ofender Maomé e os muçulmanos.

Não é verdade. Longe disso. O Charlie Hebdo é um semanário de liberdade, humor, inteligência e, através da via sagrada do gozo, de informação. No verbo seguir (suivre) o meu presente do indicativo continua a ser je suis: eu sigo. Sim.