Resolvido mistério das crateras gigantes da Sibéria?

Sete gigantescos buracos foram descobertos no solo gelado siberiano em menos de um ano. Pensa-se agora que poderão resultar das alterações climáticas.

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Agora, um geólogo russo disse à agência AFP que, desde então, outras misteriosas estruturas do mesmo tipo tinham sido localizadas – e que a sua existência poderá ser devida ao aquecimento global.

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Agora, um geólogo russo disse à agência AFP que, desde então, outras misteriosas estruturas do mesmo tipo tinham sido localizadas – e que a sua existência poderá ser devida ao aquecimento global.

“Recebemos agora novas informações acerca de uma cratera gigante com um quilómetro de diâmetro”, disse Vasili Bogoiavlenski, vice-director do Instituto de Investigação do Petróleo e do Gás da Academia das Ciências russa. Isso eleva o total de crateras conhecidas para sete. “As filmagens realizadas permitem-nos identificar no mínimo sete crateras, mas na realidade devem ser muitas mais”, frisou ainda este responsável.

Todas as crateras foram descobertas na região de Iamalo-Nenetski, rica em recursos energéticos, no Noroeste siberiano. E os cientistas afirmam que os buracos não foram provocados nem por meteoritos nem por E.T., mas antes pelo degelo subterrâneo do permafrost (a camada de solo permanentemente gelado daquela região), que terá, por sua vez, provavelmente sido causado pelo aumento das temperaturas globais.

“O fenómeno é semelhante à erupção de um vulcão”, disse ainda Bogoiavlenski à AFP. À medida que o gelo no permafrost derrete, vai sendo libertado metano e a pressão deste gás aumenta até causar uma explosão que leva à formação da cratera.

Os cientistas ainda estão a tentar avaliar o potencial perigo que este fenómeno representa. Acontece que o metano é extremamente inflamável e que um dos buracos está situado perto de um reservatório de gás em exploração. Uma expedição está a ser planeada à cratera mais recentemente descoberta para determinar se ela se terá formado nessas mesmas condições.

Contudo, poderá ser difícil identificar outras crateras, porque elas podem entretanto ter formado lagos. “Quando aparecem, as crateras estão vazias, mas pouco a pouco enchem-se de água. E passados dois a três anos, transformam-se em lagos e torna-se difícil estudá-las”, diz ainda Bogoiavlenski. Algumas, acrescenta, até podem ter décadas ou mesmo séculos de idade, mas numa região tão remota, a sua formação poderá ter passado despercebida.