Emigrantes na Venezuela reclamam centenas de milhões de perdas no BES

Clientes reclamam respostas do Governo e do Banco de Portugal.

Foto
Lusodescendentes na Venezula reclamam tratamento igual aos clientes do BES em Portugal. Foto: Sara Matos

Vários lesados do BES manifestaram a sua extrema preocupação com o que lhes aconteceu e prometem não descansar enquanto não obtiverem respostas, nomeadamente do Banco de Portugal.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Vários lesados do BES manifestaram a sua extrema preocupação com o que lhes aconteceu e prometem não descansar enquanto não obtiverem respostas, nomeadamente do Banco de Portugal.

Numa carta enviada ao Governo português, através do embaixador em Caracas, os lusodescendentes reclamam ser agora “o momento de fazerem ouvir a sua voz, com o objectivo de serem incluídos no grupo de prioridade máxima a que deverá corresponder o reembolso total dos valores negociados”.

No documento a que a Lusa teve acesso, os lusodescendentes dizem esperar que “todos os argumentos utilizados pelos clientes em Portugal sejam também válidos para os da emigração, nomeadamente a venda de produtos sem identificar bem os riscos, a presunção de que o risco era Banco e não Grupo (nas vendas os funcionários diziam que era tudo a mesma coisa)”.

“Os emigrantes, ao longo dos anos, tiveram e têm um papel muito importante no desenvolvimento do país e sempre confiaram nas autoridades portuguesas e por isso enviaram as suas poupanças de toda uma vida para Portugal”, referem ainda os lesados do BES na Venezuela.

Em declarações à Lusa, em Caracas, Osvaldo Freitas, industrial do ramo alimentar, lamenta que tenha confiado no banco quando lhe propôs produtos financeiros e agora quando vai ao Novo Banco, na cidade, ninguém tem respostas para lhe dar.

Osvaldo Freitas acha que a solução deste caso “está nas mãos do governador do Banco de Portugal”, por ter decidido a divisão entre o "banco bom" e o "banco mau" mas também lembra as declarações do Presidente da República que “deu confiança a todos os emigrantes e disse que o BES era dos melhores bancos da Europa”.

“Se não nos resolverem este problema, não confiamos mais em Portugal, retiramos o nosso dinheiro dos bancos portugueses”, afirma, lembrando que podem estar em causa algumas centenas de milhões de euros.

José Luís Ferreira, importador e presidente honorário da Câmara de Comércio, diz ter contactos regulares com os cerca de 1500 associados, garantindo que serão alguns milhares os lesados do BES na Venezuela.

“O BES é uma instituição muito reconhecida na Venezuela, tinha boa clientela, um banco muito fiável, hoje todos lamentamos, porque foram muitos anos de trabalho", diz José Luís Ferreira assegurando que as perdas podem estar acima dos cem milhões de euros.