O metro de Lisboa não sabe falar inglês

Muito ainda está por fazer para que Lisboa se afirme como verdadeiro destino turístico internacional.

Não obstante, naturalmente, muito ainda está por fazer para que Lisboa se afirme como verdadeiro destino turístico internacional. Uma das carências que recentemente chamou a minha atenção traduz-se na incapacidade do serviço de metropolitano para falar inglês. Em qualquer parte do mundo, o metropolitano constitui um serviço nuclear para os turistas, não só pela economia de custos que lhe está associada como pela simplicidade e facilidade nas deslocações para quem não domina a língua e não conhece a fisionomia da cidade. Nessa medida, aquilo que qualquer turista espera de um serviço de metropolitano é que a sua utilização se mostre fácil e intuitiva, o que implica que o mesmo consiga fornecer as informações básicas essenciais. E é aqui que começam as fragilidades.

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Não obstante, naturalmente, muito ainda está por fazer para que Lisboa se afirme como verdadeiro destino turístico internacional. Uma das carências que recentemente chamou a minha atenção traduz-se na incapacidade do serviço de metropolitano para falar inglês. Em qualquer parte do mundo, o metropolitano constitui um serviço nuclear para os turistas, não só pela economia de custos que lhe está associada como pela simplicidade e facilidade nas deslocações para quem não domina a língua e não conhece a fisionomia da cidade. Nessa medida, aquilo que qualquer turista espera de um serviço de metropolitano é que a sua utilização se mostre fácil e intuitiva, o que implica que o mesmo consiga fornecer as informações básicas essenciais. E é aqui que começam as fragilidades.

Na verdade, salvo alguma falha de observação que me seja imputável, o metro de Lisboa só sabe praticamente escrever Red Line, Yellow Line, Blue Line, Green Line e no smokers e legendar meia dúzia de pictogramas. E não sabe dizer muito mais do que take care of your belongings e pay special attention when entering or exiting the train. Ao metro de Lisboa falta aprender a dizer the next stop is e aprender a escrever exit, next train e waiting time. Falta-lhe aprender a escrever para os turistas, no verso dos títulos de transporte, que os mesmos são recarregáveis e válidos durante um ano e que o comprovativo de carregamento deve ser guardado para eventuais anomalias futuras. Falta-lhe outrossim informar em linguagem perceptível aos turistas que, para sua segurança, as carruagens dispõem de videovigilância. Falta-lhe ainda saber dizer que, no Saldanha, a Linha Vermelha tem correspondência com a Linha Amarela.

Existe, portanto, um conjunto de indicações básicas que qualquer turista procura quando circula num sistema de metropolitano e que, no caso de Lisboa, não estão traduzidas para a língua inglesa, mas que fariam considerável diferença na segurança e conforto de quem visita a cidade. Desconheço se o actual estado das coisas resulta da distracção de quem chefia ou administra, se de um certo preconceito ou conservadorismo que leva a que se entenda que a cidade não se deve subjugar aos interesses turísticos ao ponto de perder a sua identidade cultural. A primeira justificação parece-me reprovável; a segunda mostra-se-me provinciana. Efectivamente, creio que Lisboa respiraria um clima mais cosmopolita e internacional quando, depois de sabermos qual é a próxima estação, também pudéssemos conhecer qual é a next stop.

Assessor jurídico no Governo da RAEM (Região Administrativa Especial de Macau)