Amigos pediram a “Palito” para arranjar outra mulher

Testemunhas confirmaram em Tribunal que o arguido disse que acabava com a vida de quem acabou com a sua.

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Público/ Arquivo

Manuel “Palito” está acusado de ter matado a ex-sogra e a tia da ex-mulher e de ter baleado esta e a sua filha quando todas preparavam bolos para a Páscoa, a 17 de Abril. Na sessão de segunda-feira, foram ouvidas algumas testemunhas, na sua maioria amigos de Manuel Baltazar, que confirmaram a “recusa” do arguido em aceitar a separação.

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Manuel “Palito” está acusado de ter matado a ex-sogra e a tia da ex-mulher e de ter baleado esta e a sua filha quando todas preparavam bolos para a Páscoa, a 17 de Abril. Na sessão de segunda-feira, foram ouvidas algumas testemunhas, na sua maioria amigos de Manuel Baltazar, que confirmaram a “recusa” do arguido em aceitar a separação.

“Ele estava sempre com a ideia de que ainda estava casado, que não assinou carta nenhuma”, contou António Canelas que admitiu ouvir da boca do arguido dizer, “há muito tempo”, que “acabava com as outras”. Mesmo perante a insistência da procuradora do Ministério Público, o amigo de “Palito” nunca referiu quem eram “as outras”. A testemunha, que várias vezes repetiu que o arguido era um “homem trabalhador” e que “não se metia com ninguém”, recordou a manhã de 17 de Abril quando o encontrou no Tribunal de S. João da Pesqueira. “Ele estava a chorar e disse que já não tinha nada”, sustentou.

“Ele andava maluco com o divórcio. Disse-lhe muitas vezes para ter calma. Estava sempre a falar da mulher, que ela era dele e de mais ninguém”, relatou também Norberto Leocádia, proprietário do restaurante onde “Palito” almoçou uma hora antes dos crimes. “Estava calmo. Bebeu um chá de limão e disse-me até amanhã”, lembrou a testemunha em Tribunal. Disse ainda que nas conversas que mantinha com Manuel Baltazar, este falava de uma familiar que foi a “causadora da ex-mulher sair de casa” e que andavam sempre a “persegui-lo com o tribunal porque a pulseira apitava muitas vezes”.

Ao início da tarde foi ouvido em Tribunal o coordenador da equipa de vigilância electrónica – Manuel Baltazar estava sujeito a esta medida no âmbito do processo de violência doméstica - que confirmou que antes do dia dos factos e desde que “Palito” estava com pulseira, o alerta disparou algumas vezes. “Foram muito poucos os eventos de aproximação e quando se aproximou (do raio onde estava a vítima) eram situações de carácter involuntário”, confirmou. O técnico referiu-se a três episódios concretos que aconteceram em Março e a 3 e 5 de Abril do ano passado, os últimos dos quais tanto a vítima como o agressor foram contactados. A primeira demonstrou preocupação, o segundo avisou que a aproximação se relacionou com um negócio de um tractor que o levou até às imediações da habitação da ex-mulher. “A  D. Angelina – a ex-mulher – nunca referiu qualquer facto específico de ameaças, era apenas a preocupação por uma situação com um processo de partilhas que já se arrastava desde 2009”, disse.

Segundo a testemunha, e de acordo com o relatório social que elaborou, o arguido é uma pessoa “que vê a família como uma instituição e que deve ser preservada a todo o custo”.