Advogados repudiam estatutos propostos pelo Ministério da Justiça

Buscas aos escritórios e possibilidade de criação de sociedades multidisciplinares estão entre os aspectos considerados preocupantes.

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Bastonária dos advogados, Elina Fraga Enric Vives-Rubio

A possibilidade de abertura de sociedades multidisciplinares, onde trabalhem não só advogados como outros profissionais, é, segundo a Ordem dos Advogados, um dos pomos da discórdia, mas não o único. A bastonária dos advogados, Elina Fraga, considera que a a proposta legislativa “contém erros, omissões e deficiências graves”, mencionando até “tipos legais de crimes inexistentes na ordem jurídica portuguesa”.

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A possibilidade de abertura de sociedades multidisciplinares, onde trabalhem não só advogados como outros profissionais, é, segundo a Ordem dos Advogados, um dos pomos da discórdia, mas não o único. A bastonária dos advogados, Elina Fraga, considera que a a proposta legislativa “contém erros, omissões e deficiências graves”, mencionando até “tipos legais de crimes inexistentes na ordem jurídica portuguesa”.

Durante a assembleia geral de advogados promovida pela Ordem esta sexta-feira os profissionais da advocacia mostraram-se ainda preocupados com questões relacionadas com o segredo profissional e as buscas aos escritórios, bem como com o regime de incompatibilidades no exercício de funções políticas e a figura do provedor do advogado.

O anteprojecto, que visa adaptar os estatutos à nova lei das associações profissionais, contém “normas que atentam gravemente contra a independência da Ordem dos Advogados e a dignidade e prestígio da advocacia portuguesa”, refere uma deliberação aprovada por unanimidade. "Põe em causa o cumprimento das nossas atribuições", observa a bastonária, que pediu à ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, uma audiência sobre o assunto. Diz que não recebeu qualquer tipo de resposta. Elina Fraga classifica a assembleia geral como histórica: "Foi uma das mais participadas de sempre".

Os advogados preparam-se agora para aprovar uma contraproposta, que entregarão ao Ministério da Justiça. Queixam-se de o Governo só lhes ter dado dez dias, até 15 de Janeiro, para se pronunciarem sobre o anteprojecto, e de se ter recusado a alargar o prazo, apesar da complexidade do documento.