Emprego na agricultura desce para mínimos históricos

Sector perdeu 74 mil postos de trabalho no último ano.

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Adriano Miranda

No final do ano passado, a agricultura empregava 348.500 trabalhadores, o número mais baixo desde, pelo menos, 1998. Trata-se de menos 74 mil postos de trabalho do que em 2013 e, nos últimos três meses, a perda chegou quase aos 59 mil.

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No final do ano passado, a agricultura empregava 348.500 trabalhadores, o número mais baixo desde, pelo menos, 1998. Trata-se de menos 74 mil postos de trabalho do que em 2013 e, nos últimos três meses, a perda chegou quase aos 59 mil.

A sazonalidade própria da actividade pode ajudar a explicar os resultados, uma vez que normalmente o último trimestre do ano é o que apresenta piores resultados. Mas nunca a redução do emprego foi tão elevada como agora, nem mesmo quando a taxa de desemprego em Portugal subiu para níveis históricos e o sector também se ressentiu.

O economista João Cerejeira, da Universidade do Minho, nota que “a diminuição do emprego em termos trimestrais e homólogos dá-se de forma coincidente na agricultura, no emprego de activos com mais de 65 anos e no emprego por conta própria”. Estes empregos, diz, “serão associados a ocupações de menor produtividade e inferior qualidade dos contratos de trabalho”.

Mas, do outro lado da moeda, destaca “a evolução positiva do emprego”, tanto trimestral como homóloga, “nos grupos ou categorias de emprego melhor qualificado e de melhor qualidade contratual”. E dá como exemplos a subida do emprego por conta outrem sem termo (3,7% em relação a 2013 e 0,2% face a Setembro) e do emprego de trabalhadores com ensino superior.

A população empregada entre os que terminaram a universidade foi onde se verificou o maior crescimento (11,6% na comparação anual e 2,7% face ao terceiro trimestre), enquanto o emprego entre os trabalhadores que não forma além do ensino básico recuou, tanto em termos anuais como trimestrais.

Mas já quanto ao tipo de contrato, embora a contratação sem termo tenha aumentado 3,7% face a 2013 e 0,2% em relação ao terceiro trimestre, há também a registar um aumento das outras formas de contratação, onde se incluem os recibos verdes (2,8% no ano e 5,1% no trimestre) e uma subida anual dos contratos a termo (6,5%).

Olhando para os outros sectores de actividade no último ano, a indústria viu a sua força de trabalho aumentar (3,3%), assim como os serviços (2,1%) que continuam a ser o principal empregador (ocupando 68% da mão-de-obra). Mas também aqui há a registar um recuo na área do alojamento e restauração, algo que pode estar relacionado com factores sazonais.

O inquérito trimestral do INE não é corrigido das oscilações do mercado de trabalho decorrentes dos picos de actividade e isso é notório quando se olha para as taxas de desemprego por região.

Entre Outubro e Dezembro, as regiões mais sensíveis a estas variações, nomeadamente por causa do turismo, registaram um aumento das taxas de desemprego em comparação com os meses de Verão.

Foi o que aconteceu com maior expressão no Algarve, onde a taxa de desemprego subiu de 11,2% para 14,9% num trimestre. Mas também na Madeira (onde a taxa passou de 13% para 15,1%) e no Alentejo (subiu de 12,6% para 14,5%). Já na região de Lisboa (14%), no Norte (passou de 14,3% para 14,2%) e nos Açores (de 15,7% para 15,5%) as taxas recuaram ou estabilizaram, enquanto no Centro aumentou ligeiramente (de 10,5% para 10,7%), mas foi a única que ficou abaixo da média nacional.