Taxa de desemprego aumenta para 13,5% no final de 2014

Desemprego subiu em comparação com os três meses anteriores, mas caiu face a 2013. Média anual ficou nos 13,9%, abaixo das estimativas do Governo.

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A taxa de desemprego no último trimestre de 2014 chegou aos 13,5%, ficando acima dos 13,1% apurados no trimestre anterior, mas abaixo dos 15,3% de 2013. A evolução negativa verificada na fase final do ano rompe com a tendência de descida do desemprego que ocorreu durante seis trimestres consecutivos.

Os dados foram divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e devem ser lidos com alguma cautela, uma vez que a amostra que serve de base ao inquérito tem vindo a ser alterada e os números não são totalmente comparáveis.

No quarto trimestre, o INE dá conta de 698.300 pessoas desempregados, o que representa um aumento de 1,4% (mais 9400 pessoas) em relação aos três meses anteriores, interrompendo-se a tendência de diminuição desde o segundo trimestre de 2013.

Esta travagem ficou a dever-se aos acréscimos trimestrais do desempego entre os homens, com 45 e mais anos e com o ensino secundário completo. O INE destaca ainda o aumento do desemprego verificado entre as pessoas que procuram trabalho há menos de 12 meses.

“O aumento trimestral da população desempregada ocorreu essencialmente nos seguintes segmentos populacionais: homens (19.400; 5,9%); pessoas com 45 e mais anos (9800; 4,1%); pessoas com um nível de escolaridade completo correspondente ao ensino secundário (12.800; 7%); à procura de novo emprego (19.900; 3,3%), provenientes do sector dos serviços (11.100; 3%); à procura de emprego há menos de 12 meses (20.300; 8,9%)”, refere o INE no destaque publicado na manhã desta quarta-feira.

Num comentários aos números agora divulgados, o ministro do Emprego, Pedro Mota Soares, recusa que se verifique uma inversão da tendência de descida e adianta que o aumento do desemprego no último trimestre do ano pode resultar de factores sazonais.

Na comparação com o ano anterior, a população desempregada caiu 13,6% (menos 109.700 pessoas).

O desemprego de longa duração continua a ter um peso considerável no total. Olhando para a totalidade dos desempregados, 35,5% procuravam emprego há menos de 12 meses e 64,5% estavam nessa situação há 12 ou mais meses.

O desemprego jovem, que estava a cair desde o segundo trimestre de 2014, voltou a aumentar. Embora haja menos jovens desempregados (eram 243.900 no total ), a taxa de desempego entre os 15 e os 24 anos fixou-se em 34%, acima dos 32,2% registados no trimestre anterior. Isto deve-se ao facto de a população activa nesta faixa etária ter diminuído.  

Já na comparação com 2013, o desemprego jovem diminuiu de 36,1% para 34%.

Agricultura lidera perda de emprego
O emprego também se ressentiu na recta final do ano. Embora tenha aumentado ligeiramente em comparação com o mesmo período de 2013 (mais 22,7 mil pessoas), na comparação trimestral a população empregada caiu para 4491,6 mil pessoas. Ou seja, entre o terceiro e o quarto trimestre perderam-se 73.500 postos de trabalho.

A redução do emprego no trimestre foi mais notória nos maiores de 65 (-12,8%) e nos jovens (-10,3%), nos menos qualificados (-4,1%) e no sector agrícola (-14,4%).

Mas foi na comparação anual que o emprego na agricultura mais recuou (-17,5%). No último ano, o sector perdeu quase 74 mil postos de trabalho e empregava perto de 348.500 pessoas.

No mesmo período, a indústria viu a sua força de trabalho aumentar (3,3%), assim como os serviços (2,1%) que continuam a ser o principal empregador (68% da população empregada).

Na comparação anual verifica-se um aumento do emprego por conta de outrem, sobretudo dos contratos a termo, que tiveram um acréscimo de 6,5% , enquanto os contratos sem termo aumentaram 3,7%. O INE mostra ainda que, tanto em termos anuais como mensais, as outras formas de contratação (onde se incluem os recibos verdes) estão a aumentar (2,8% no ano e 5,1% no trimestre). Já o emprego por conta própria está a recuar de forma generalizada.

Os dados do INE mostram também um aumento da população inactiva e uma redução da população activa. Dois factores que ajudam a explicar a redução homóloga do desemprego.

Na área do emprego há ainda outro factor que gera preocupação e que o INE classifica como "subemprego de trabalhadores a tempo parcial". Dito de outro modo, são as pessoas que trabalham a meio tempo, mas que estariam disponíveis para ter um horário completo. No último trimestre forma identificadas 251.700 pessoas nessa situação, menos  2,9% do que no ano anterior, mas ainda assim mais 8,4% do que no trimestre anterior.

O elevado número de pessoas em subemprego é um dos factores para o qual o Fundo Monetário Internacional alertou na semana passada, a que se somam os inactivos que estão disponíveis para trabalhar mas que não procuram emprego e que no final do ano eram 257.700 (menos do que no período homólogo e do que no trimestre anterior). Na sua primeira avaliação após a saída da troika de Portugal, o fundo alerta que estes dados fazem com que a situação efectiva do mercado de trabalho seja mais grave do que indica a taxa de desemprego e mais difícil de resolver num contexto de fraco crescimento económico.

Taxa anual abaixo da meta do Governo
No conjunto do ano de 2014, a situação do mercado de trabalho melhorou face a 2013. A taxa de desemprego fixou-se em 13,9%, o que representa uma diminuição de 2,3 pontos percentuais em relação à taxa de 16,2% registada no ano anterior e um resultado inferior às expectativas do Governo, que apontavam para 14,2%.

O  INE dá conta de 726 mil desempregados, uma queda de 15,1% em relação ao ano anterior, ou seja, havia menos 129.200 pessoas no desemprego.

O emprego, por seu lado, aumentou, tendo sido criados mais 70.100 postos de trabalho. A população empregada foi estimada em 4.449.500 pessoas, um acréscimo anual de 1,6%.

O instituto tem vindo a alterar, no último anos e meio, as amostras que servem de base ao inquérito trimestral do emprego, passando a incorporar as estimativas da população calculadas a partir dos resultados definitivos dos Censos 2011. Por essa razão, os números não são totalmente comparáveis com os trimestres e ano anteriores. O INE lembra que só no primeiro trimestre de 2015 “as variações trimestrais terão por base amostras provenientes exclusivamente dos Censos 2011, o mesmo sucedendo para as variações homólogas no quarto trimestre de 2015”.

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