Modelos vestidas de fiscal vão “apitar” aos clientes dos bares no Cais do Sodré

Novos horários de encerramento e regras de venda de bebidas para a rua naquela zona de Lisboa entram em vigor esta sexta-feira.

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Modelos vão estar à porta de quatro bares a "apitar" aos clientes que queiram sair depois da 1h com bebidas Miguel Manso

“Queremos sensibilizar os clientes para que percebam que esta não é uma decisão nossa, que é algo que nos ultrapassa”, explica Miguel Brito Gonçalves, do Movimento Lisboa Com Vida, que representa 13 pequenos bares situados no Cais do Sodré. Refere-se à proibição de venda de bebidas para consumo no exterior dos estabelecimentos após a 1h, que entra em vigor nesta sexta-feira.

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“Queremos sensibilizar os clientes para que percebam que esta não é uma decisão nossa, que é algo que nos ultrapassa”, explica Miguel Brito Gonçalves, do Movimento Lisboa Com Vida, que representa 13 pequenos bares situados no Cais do Sodré. Refere-se à proibição de venda de bebidas para consumo no exterior dos estabelecimentos após a 1h, que entra em vigor nesta sexta-feira.

Os estabelecimentos que não cumprirem a norma, definida num despacho camarário, arriscam-se a uma restrição temporária do horário de funcionamento até às 23h todos os dias da semana, por isso terão de ser eles a impedir os clientes de saírem com copos para a rua. Os membros do Movimento Lisboa Com Vida resolveram fazê-lo "de uma forma divertida" para que os clientes "não sintam que a culpa é dos bares, mas sim da autarquia".

Além desta proibição, o despacho municipal publicado em meados de Dezembro estipula que os bares do Cais do Sodré, Bica e Santos passam a fechar às 2h de domingo a quinta-feira e às 3h às sextas-feiras, sábados e vésperas de feriado (até agora podiam funcionar até às 4h). As lojas de conveniência têm de encerrar no máximo até às 22h. Os clubes e bares com espaços de dança legalizados, insonorizados e com segurança privada à porta podem estar abertos até às 4h.

"O problema não são os horários, até porque acho uma injustiça o Bairro Alto fechar mais cedo do que o Cais do Sodré ou a Bica", diz Miguel Brito Gonçalves. "O que não se entende é quererem pôr o ónus da fiscalização sobre os bares. Que direito é que eu tenho para dizer a um cliente que se quiser ir à rua fumar um cigarro tem de deixar o copo cá dentro?", continua.

O empresário diz reconhecer o direito ao descanso dos "cerca de 20 moradores da Rua Nova do Carvalho" mas acredita que não é isso que está em causa. "Se o Bairro Alto é o que tem mais queixas dos moradores, porque é que não tem também esta limitação de venda de bebidas para a rua?", questiona.

Os proprietários dos bares antecipam uma redução na facturação na ordem dos 50% a 60%. "Alguns bares são muito pequenos e muitos foram legalizados pela câmara há pouco tempo. Dois deles foram convencidos pela câmara a deixar o Bairro Alto e a vir para o Cais do Sodré. Não há qualquer preocupação com os investimentos que aqui foram feitos", lamenta Miguel Brito Gonçalves, acusando a câmara de "falta de estratégia".

Para este proprietário de um restaurante e de um bar próximo da "Rua Cor de Rosa", onde se encontram a maior parte dos estabelecimentos de diversão nocturna do Cais do Sodré, a culpa dos problemas sentidos por quem mora naquela zona é do próprio Estado, por não reforçar os serviços de limpeza e o policiamento.

"Os nossos negócios geram postos de trabalho e receitas para o Estado, e atraímos turismo, logo tem de haver uma contrapartida do Estado e das autarquias", afirma.

As modelos "fiscais de linha" vão estar à porta de quatro bares, esta sexta-feira, e novamente no sábado.