Um terço das USF do Norte com horário prolongado fecham portas ao fim-de-semana

Dez Unidades de Saúde Familiar fecham à noite e ao fim-de-semana no final de Janeiro, mas podem reabrir temporariamente as portas

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Mais 1,2 milhões de utentes teriam tido consulta com o seu médico se os centros de saúde fossem USF RUI GAUDêNCIO

Avançada pelo Jornal de Notícias, a decisão de acabar com o prolongamento do horário em dez das 30 USF que têm as portas abertas à noite e ao fim-de-semana foi de imediato contestada pelo porta-voz do Movimento de Utentes de Saúde, Manuel Villas-Boas. “Já não basta os problemas que existem actualmente no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e, nomeadamente, nestas alturas mais críticas. É uma decisão absolutamente inconcebível. Essa é uma medida que vem a contraciclo. Não se admite”, afirmou, citado pela Lusa.

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Avançada pelo Jornal de Notícias, a decisão de acabar com o prolongamento do horário em dez das 30 USF que têm as portas abertas à noite e ao fim-de-semana foi de imediato contestada pelo porta-voz do Movimento de Utentes de Saúde, Manuel Villas-Boas. “Já não basta os problemas que existem actualmente no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e, nomeadamente, nestas alturas mais críticas. É uma decisão absolutamente inconcebível. Essa é uma medida que vem a contraciclo. Não se admite”, afirmou, citado pela Lusa.

À tarde, o ministro Paulo Macedo garantiu, pelo seu lado, que “não vai haver qualquer encerramento de nenhuma área de cuidados de saúde primários nos meses de Janeiro, Fevereiro e Março”, à saída de um debate agendado pelo PS a propósito dos problemas vividos em algumas urgências hospitalares, com longas horas de espera. Pelo contrário: os centros de saúde receberam ou vão receber instruções para alargarem os seus horários, sempre que tal se justifique, disse o governante.

“São duas coisas completamente diferentes”, sublinha Rui Cernadas. A ARS do Norte é a única que tem USF com horários prolongados, diz, justificando a decisão de acabar com o prolongamento do horário nesta dezena de unidades com a baixa procura dos utentes. “É obrigatório, por lei, fazer uma avaliação da actividade [das USF] no final de cada ano, por isso algumas não vão ver renovada no ano seguinte a contratação para prolongamento de horário, que termina a 31 de Janeiro”, explica.

Quantas pessoas recorrem a estas unidades fora do horário normal? “São menos de 2,9 atendimentos por hora, quando no país, em média, cada médico de família vê quatro a cinco doentes por hora”, especifica.

Mas Rui Cernadas frisa que não corresponde à verdade dizer que os centros de saúde vão fechar à noite e ao fim-de-semana, como destacava em título o JN. A ideia é fazer precisamente o contrário nos próximos tempos, sempre que isso se justificar, e a afluência de doentes aos serviços de urgência hospitalar for maior, o que se prevê possa acontecer no pico da epidemia de gripe, esclarece.

Rui Cernadas lembra, a propósito, que já houve alargamento de horário em duas situações: em Santa Maria da Feira, onde desde há dias uma USF tem estado a funcionar à noite, “que fica a 150 metros do hospital”, cuja urgência tem registado longas filas de espera e um homem de 57 anos morreu depois de aguardar várias horas para ser atendido. O objectivo foi o de “ajudar o hospital a descomprimir, mas nos dois primeiros dias os médicos da USF só viram um doente”, adianta . No Porto, a USF do Covelo está também desde o passado dia 1 com horário alargado (até às 24 horas, durante a semana, e até às 18 horas, ao fim-de-semana).

As USF que vão ficar sem prolongamento de horário a partir de 1 de Fevereiro pertencem aos agrupamentos de centros de saúde (ACES) do Alto Ave, Braga, Gaia/Espinho e Feira.  Encerram ao fim-de-semana a USF Vimaranês, Ponte e Arões (Alto Ave), Manuel Rocha e Peixoto (Cávado I-Braga), Aguda e Anta (Grande Porto VIII – Espinho e Gaia), Egas Moniz e Terras Santa Maria (Entre Douro e Vouga I); entre as 20 e as 22 horas, deixam de funcionar a USF Novos Rumos e a Nova Saúde (Alto Ave).