Taxistas pedem reunião à TAP para discutir parceria com a Uber

Associações que representam o sector querem defender-se contra o que consideram ser um "lamentável atropelo à lei".

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Associações consideram que há táxis "mais do que suficientes" em Lisboa para transportar os passageiros do aeroporto Miguel Manso

Os taxistas consideram que a parceria, anunciada na segunda-feira, surge “ao arrepio e a contraciclo” do trabalho que está a ser conduzido pela Câmara de Lisboa em conjunto com a Federação Portuguesa do Táxi e a Associação Nacional do Transportes Rodoviários em Automóveis Ligeiros (Antral), com vista a elaborar um regulamento para a praça de táxis do aeroporto e dos portos da cidade.

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Os taxistas consideram que a parceria, anunciada na segunda-feira, surge “ao arrepio e a contraciclo” do trabalho que está a ser conduzido pela Câmara de Lisboa em conjunto com a Federação Portuguesa do Táxi e a Associação Nacional do Transportes Rodoviários em Automóveis Ligeiros (Antral), com vista a elaborar um regulamento para a praça de táxis do aeroporto e dos portos da cidade.

Em comunicado, Florêncio de Almeida, presidente da Antral, e Carlos Ramos, da federação, sublinham que “existem táxis mais do que suficientes a operar em Lisboa e a oferecer serviços de transporte de passageiros que se deslocam para o aeroporto e aí chegam”.

Os dirigentes condenam a relação “estranhamente” estabelecida entre a TAP e uma “actividade de transporte ilegal”, referindo-se à Uber - que gere uma aplicação para smartphones através da qual é possível um veículo particular conduzido por um motorista - como funcionando “à margem da lei” do transporte de passageiros em Portugal.

“Assim, na ausência de posição do Estado, em defesa do sector e do transporte legal em Portugal, não resta outra alternativa senão sermos nós, os industriais que pagam impostos, licenças, taxas e coimas para exercer actividade neste país, a procurar defender-nos contra este lamentável atropelo à lei”, lê-se numa nota emitida na segunda-feira, no final de uma reunião entre os dois responsáveis.

Antes do encontro, Florêncio de Almeida admitiu em declarações ao PÚBLICO que os taxistas poderiam mesmo deixar de utilizar a praça do aeroporto, em jeito de protesto contra o acordo estabelecido entre a TAP e a Uber.

Na segunda-feira, em resposta às perguntas do PÚBLICO, fonte da Uber disse que o objectivo da empresa é "complementar as alternativas de transporte urbano existentes" e que "quem ganha com isso é o utilizador final". Garantiu ainda que o serviço funciona em Portugal apenas com motoristas profissionais que têm “as devidas licenças para efectuarem transporte de pessoas”. A empresa acrescentou que “todos os parceiros da Uber em Portugal já efectuavam serviços de transporte antes da entrada da empresa no mercado” e são “rigorosamente escrutinados”.

A parceria da TAP com a Uber inclui uma campanha de Natal, em altura de greve dos tripulantes: entre 15 de Dezembro e 15 de Janeiro, os clientes com bilhete da companhia com destino ou origem em Lisboa têm desconto de 25 euros em viagens na Uber. O PÚBLICO questionou a TAP sobre os pormenores deste acordo, nomeadamente as contrapartidas negociadas, mas não obteve resposta.