Polémica aplicação que serve para pedir um “táxi” já chegou a Lisboa

Plataforma da Uber permite ao cliente alugar um carro de gama alta com motorista e atendimento personalizado. Serviço foi contestado noutras cidades europeias, mas para já parece pacífico em Portugal.

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Segundo a estimativa de preços feita pela Uber, a viagem da Avenida da Liberdade até Cascais custa 47 euros Carla Rosado/Arquivo

A aplicação da Uber que serve para alugar um carro com motorista – uma espécie de táxi, embora não necessariamente conduzido por um taxista – chegou nesta sexta-feira a Lisboa. A capital portuguesa é a primeira cidade do país a acolher o serviço da empresa norte-americana, que tanta polémica tem causado na Europa. Mas pelo menos para já, a entrada em Portugal parece pacífica.

O serviço parece simples. O cliente instala a aplicação gratuita no telemóvel smartphone e, ao aceder, a sua localização é detectada por GPS, sendo-lhe indicado o veículo que se encontra mais próximo. Feito o pedido do serviço, a Uber – que funciona como uma espécie de central de táxis – contacta o motorista, cuja identificação e detalhes da viatura ficam disponíveis no telemóvel do cliente, bem como o custo estimado da viagem. Está também prevista a possibilidade de partilhar a viatura com outro utilizador.

“Queremos certificar-nos de que o cliente consegue um carro em menos de cinco minutos”, diz ao PÚBLICO Alexandre Droulers, responsável pela expansão da Uber na Europa Ocidental. Chegando ao destino, a tarifa é cobrada automaticamente no cartão de crédito do utilizador, sem notas e moedas à mistura. A taxa base é de dois euros, aos quais acrescem 30 cêntimos por minuto e 1,10 euros por quilómetro. Cada viagem tem um preço mínimo de oito euros, o mesmo valor a pagar caso o cliente pretenda cancelar o pedido.

Segundo a estimativa de preços disponível na página de Internet da empresa, uma viagem desde a Avenida da Liberdade até Cascais custa 47 euros. Do Chiado até ao Campo Pequeno, a tarifa é de nove euros.

Outro objectivo da empresa, além da rapidez, é disponibilizar “o melhor serviço” aos clientes, que terão atendimento personalizado – desde a abertura da porta do carro à oferta de uma garrafa de água – num veículo de gama alta, como Mercedes Classe E.

Atrás do volante, estarão apenas motoristas licenciados e com alvará para o transporte comercial de passageiros. Nesta categoria incluem-se condutores de empresas privadas de transporte de passageiros, como as que prestam serviço a hotéis, por exemplo. Os motoristas ficam com 80% de comissão sobre o que é angariado em cada viagem, a Uber arrecada os restantes 20%.

A empresa foi criada em 2009, em São Francisco, Califórnia (EUA), e actualmente está presente em 140 cidades de 40 países. "Sempre quisemos vir para Portugal. Lisboa tem grandes oportunidades e agora que estamos aqui, estamos muito focados em fazê-las crescer. Estamos a criar uma equipa local, [para] garantir que temos motoristas formados e experientes", afirmou Alexandre Droulers à Lusa, à margem da sessão de lançamento da aplicação que decorreu nesta sexta-feira em Lisboa.

Ao PÚBLICO, Droulers não revelou quantos veículos estão já registados na plataforma da Uber em Lisboa, nem adiantou quais os planos da empresa em relação a uma eventual aposta noutras cidades portuguesas.

Protestos na Europa
Lisboa é a 140.ª cidade do mundo a ter este serviço de mobilidade. Na Europa, a empresa está presente nas principais cidades de países como Espanha, Itália, França, Inglaterra, Alemanha, entre outros. Mas a ideia não foi bem recebida em todo o lado. Em meados de Junho, os taxistas de Londres, Paris, Madrid, Barcelona, Roma, Milão e Berlim manifestaram-se nas ruas contra o serviço, que vêem como concorrência desleal por não estar sujeito às mesmas regras.

Em Portugal, a primeira reacção das empresas de táxis também foi negativa. Em Junho, a Associação Nacional dos Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros (Antral) e a Federação Portuguesa do Táxi (FPT) denunciavam a situação como ilegal, considerando que esta teria consequências negativas para o sector.

No entanto, após o lançamento da aplicação nesta sexta-feira, o presidente da Antral, Florêncio de Almeida, estava menos pessimista. “Esta plataforma é diferente da que estavam a aplicar na Europa. Aqui, a Uber vai arranjar serviços que serão entregues a empresas [e motoristas] licenciadas, e sendo assim nada impede. É como se fosse mais uma central de táxis”, afirmou ao PÚBLICO.

Segundo este responsável, a contestação na Europa tem a ver com a atribuição do serviço a carros sem licença para o transporte comercial de passageiros, o que a lei portuguesa não permite. “Mas em Lisboa também iremos contestar se assim for”, ressalva.

Florêncio de Almeida não encontra concorrência nas tarifas aplicadas pela Uber: “Uma viagem [num carro pedido pela Uber] de Lisboa ao Porto custa 700 euros, num táxi custa metade”, argumenta.

Por sua vez, o responsável da Uber na Europa Ocidental desvaloriza a contestação: “há espaço para todos”.

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