Uma volta ao bilhar grande

Podia ser bom, mas não é.

i-video

Volta a ser esse o caso com A Viagem a Itália, espécie de “sequela” de um filme anterior que não estreou em Portugal, The Trip (2010), e que percorre as fronteiras fluidas entre o documentário e a ficção. Tal como aquele, trata-se de uma versão para cinema de uma série televisiva (composta por seis episódios de meia hora), que acompanha os actores e comediantes britânicos Steve Coogan e Rob Brydon ao longo de uma viagem gastronómica, aqui por Itália, percorrendo os passos dos poetas Byron e Shelley (mas também, inevitavelmente, da Viagem em Itália que Rossellini filmou com Ingrid Bergman em 1954, aliás citada abertamente um par de vezes — o que apenas sublinha mais como o filme de Winterbottom não lhe chega sequer às solas).

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Volta a ser esse o caso com A Viagem a Itália, espécie de “sequela” de um filme anterior que não estreou em Portugal, The Trip (2010), e que percorre as fronteiras fluidas entre o documentário e a ficção. Tal como aquele, trata-se de uma versão para cinema de uma série televisiva (composta por seis episódios de meia hora), que acompanha os actores e comediantes britânicos Steve Coogan e Rob Brydon ao longo de uma viagem gastronómica, aqui por Itália, percorrendo os passos dos poetas Byron e Shelley (mas também, inevitavelmente, da Viagem em Itália que Rossellini filmou com Ingrid Bergman em 1954, aliás citada abertamente um par de vezes — o que apenas sublinha mais como o filme de Winterbottom não lhe chega sequer às solas).

Da gastronomia e de Itália, contudo, nada se fica a saber. A viagem é um simples pretexto para explorar (com alguma graça pontual, mas sem grande imaginação) a relação entre Coogan e Brydon, espécie de “irmãos inimigos” ou amigos desavindos. E, apesar da aparência, A Viagem a Itália não é um documentário; os actores estão a interpretar versões “alternativas” de si próprios, improvisadas in loco. Podia ser bom, mas não é: Winterbottom filma tudo de maneira molengona, preguiçosa, indiferente, quase desinteressada, como se fosse um simples home movie de uma escapadela dos actores — e nunca consegue dar uma razão para que essa escapadela seja mostrada ao público. O resultado final é razoavelmente supérfluo e pouco interessante, mesmo que ocasionalmente divertido.