Apelos a um compromisso a dias de terminar prazo para acordo sobre nuclear iraniano

Última ronda de negociações começou nesta terça-feira em Viena, em clima de optimismo prudente, mas com muitas questões por resolver.

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Mohammad Javad Zarif na chegada ao encontro em Viena Joe Klamar/AFP

O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Mohammad Javad Zarif, foi o primeiro a bater na tecla do optimismo, ainda que de forma prudente. “Se conseguirmos alcançar uma solução que respeite os interesses da nação, chegaremos a um acordo”, disse Zarif à chegada a Viena, prometendo trabalhar “até ao último dia” para atingir esse objectivo. Mas reafirmou que seu país “não vai renunciar aos direitos e à grandeza de nação” e avisou os parceiros para não chegarem às negociações com “exigências excessivas”.

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O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Mohammad Javad Zarif, foi o primeiro a bater na tecla do optimismo, ainda que de forma prudente. “Se conseguirmos alcançar uma solução que respeite os interesses da nação, chegaremos a um acordo”, disse Zarif à chegada a Viena, prometendo trabalhar “até ao último dia” para atingir esse objectivo. Mas reafirmou que seu país “não vai renunciar aos direitos e à grandeza de nação” e avisou os parceiros para não chegarem às negociações com “exigências excessivas”.

Termina na segunda-feira, dia 24, o prazo definido pelas duas partes para transformar o acordo preliminar assinado há um ano num entendimento capaz de afastar as suspeitas ocidentais sobre o programa iraniano e, em simultâneo, permitir ao país produzir energia e efectuar as pesquisas autorizadas aos signatários do Tratado de Não-Proliferação Nuclear.    

Em Londres, onde informou representantes de países europeus e árabes sobre a evolução das negociações, o secretário de Estado norte-americano John Kerry recusou fazer prognósticos sobre o desfecho desta “semana decisiva”, mas disse que o acordo esperado só acontecerá se “o Irão fizer todos os esforços possíveis para provar ao mundo que o seu programa é pacífico”.  

Numa negociação que gira em torno de questões técnicas, um dos principais pontos de fricção é a definição de quanto urânio o Irão poderá enriquecer, caso seja assinado um acordo definitivo. Os EUA querem garantir que o regime não consegue, se assim o decidir, fabricar bombas atómicas mais depressa do que demoraria a detectar essa actividade. Estarão dispostos a aceitar que Teerão mantenha em funcionamento apenas 4500 das mais de dez mil centrifugadoras nucleares que tem operacionais, revelam diplomatas citados pela agência AP, segundo os quais Teerão quer manter pelo menos oito mil destes equipamentos.

Em cima da mesa está também o futuro do reactor nuclear de águas pesadas de Arak que, caso venha a entrar em funcionamento, poderá produzir plutónio – outro dos materiais físseis usados no fabrico de armas nucleares. Ainda mais espinhosa é a definição de um calendário para o levantamento da complexa teia de sanções internacionais – Terão pretende o fim imediato das medidas que atingem o sector bancário e petrolífero, Washington defende um levantamento progressivo, condicionado aos progressos no terreno.

Ninguém descarta, por isso, que, ao invés de um acordo, as duas partes aceitem, como fizeram em Julho, um prolongamento das negociações. Uma solução que acarreta riscos: os republicanos, prestes a ficar em maioria no Congresso norte-americano, prometem aprovar mais sanções, se não houver acordo em Viena; a ala dura do regime iraniano avisa que não aceitará um acordo que não defenda “vigorosamente” os interesses do país.