A educação de Costa

António Costa passou de uma promessa a uma dúvida.

Para preservar um pouco da aura de antigamente, Costa tenta não falar e, quando fala, não dizer nada. Só que um candidato a primeiro-ministro, queira ou não queira, tem de falar. Desta vez, foi uma entrevista à RTP para apresentar a sua moção ao congresso do partido – a única, de resto. Infelizmente para ele, não se arranjaram mais de 800 000 portugueses para o ouvir (e a concorrência ganhou a noite). Como sinal de entusiasmo é fraco e, além de fraco, muito lógico.

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Para preservar um pouco da aura de antigamente, Costa tenta não falar e, quando fala, não dizer nada. Só que um candidato a primeiro-ministro, queira ou não queira, tem de falar. Desta vez, foi uma entrevista à RTP para apresentar a sua moção ao congresso do partido – a única, de resto. Infelizmente para ele, não se arranjaram mais de 800 000 portugueses para o ouvir (e a concorrência ganhou a noite). Como sinal de entusiasmo é fraco e, além de fraco, muito lógico.

O prodígio António Costa não saiu do calão em uso, nem das generalidades mais rasteiras. Primeiro, não se comprometeu a diminuir a austeridade num futuro previsível. Mais prudente e vago, acenou de longe com a possibilidade de “travar a regressão social” (o que não significa nada)  e em “estabilizar e começar a inverter o ciclo para crescer” (o que significa menos). Quanto ao pão e à manteiga, pretende uma “política de rendimentos” segura e previsível. Vai repor as pensões (como eram antes dos cortes) e deixar por enquanto os salários do funcionalismo à providência do Altíssimo. A sobretaxa, ao que parece, ainda está para durar; e o desemprego também. Nestas coisas, todo o cuidado é pouco e Costa não tenciona criar ilusões à sua tresloucada esquerda.

Sobre a dívida, não houve o mais vago sinal às fantasias dos 74. Pensa num “debate a nível técnico e académico” (que certamente nos sossegará) e em “encontrar uma solução a nível da Europa”, que se reduzirá, suponho, a um “debate a nível técnico e académico”, porque  Portugal não pesa, nem decide. Costa gostaria, claro, que os credores espontaneamente nos desculpassem uma parte da dívida ou que um investimento indeterminado (mas por força grandioso) nos “libertasse do garrote”. Ninguém o deve impedir de se consolar com a ideia, que até o dr. Cavaco, num estilo mais presidencial, acha “positiva”. A educação do dr. António Costa já começou. Calculo que seja dolorosa e espero que seja profícua. Que mais se pode, no fundo, esperar dele?