Gorbatchov fala de ameaça de nova Guerra Fria

Antigo líder soviético falava em Berlim, junto à Porta de Brandeburgo, onde há 25 anos passava o Muro.

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Gorbachev perto da Porta de Brandeburgo, a poucos metros do local onde passava o muro Jens Kalaene/AFP

“Temos de assegurar-nos que as tensões que surgiram recentemente ficam sob controlo”, disse Gorbatchov, a uns metros da Porta de Brandeburgo, onde antes passava o Muro de Berlim. Pediu ainda que fosse estabelecida uma nova “relação de confiança” com Moscovo através do diálogo e não de sanções.

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“Temos de assegurar-nos que as tensões que surgiram recentemente ficam sob controlo”, disse Gorbatchov, a uns metros da Porta de Brandeburgo, onde antes passava o Muro de Berlim. Pediu ainda que fosse estabelecida uma nova “relação de confiança” com Moscovo através do diálogo e não de sanções.

Antes de viajar até Berlim, Gorbatchov já tinha afirmado que defenderia o Presidente russo, Vladimir Putin, na viagem até à Alemanha, dizendo que os EUA tinham encontrado na Ucrânia “uma desculpa” para implicar com a Rússia e minar a relação que vinha a melhorar.

“A Rússia concordou com novas relações, e criou novas estruturas de cooperação”, disse em entrevista à agência russa Interfax. “Mas nem toda a gente nos EUA gostou disso.” Assim, “criaram uma situação que lhes permite meterem-se em tudo”, acusou.

Na mesma entrevista, Gorbatchov disse que nos encontros com os líderes europeus em Berlim iria defender Putin. “Estou absolutamente convencido de que Putin protege os interesses da Rússia melhor do que ninguém”, disse.

Recentemente, o antigo líder tinha sido crítico em relação ao actual Presidente, mas em termos de política interna: numa entrevista à BBC, denunciou “ataques a direitos dos cidadãos” na Rússia pela aprovação de leis que restringem o direito à manifestação, por exemplo, e aconselhou Putin a “não ter medo do seu próprio povo”.

Gorbatchov, 83 anos, que foi visto como um herói em muitos países ocidentais pela sua política de abertura e por ter mantido as tropas russas estacionadas na então República Democrática Alemã (RDA) nos quartéis durante as manifestações e na noite da queda do muro, acusou o Ocidente, em particular os EUA, de “triunfalismo” depois do colapso do bloco comunista.

Na Rússia, muitos culpam-no pelo que correu mal com o fim da URSS. Ainda este ano, uma série de deputados submeteram um pedido para que Gorbatchov e outros antigos responsáveis soviéticos fossem julgados por traição por terem permitido a declaração de independência de antigas repúblicas soviéticas, argumentando que violaram a lei e a vontade do povo.