Barreto Xavier quer avançar com obras no Palácio da Ajuda

Desde os anos 90 já existiram três projectos, o primeiro dos quais de Gonçalo Byrne, feito a pedido de António Lamas

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As obras deverão ser pagas com o dinheiro da indemnizaçao pelo roubo das jóias da Coroa Carlos Lopes

Para António Lamas, trata-se de uma “óptima notícia”, porque, na sua opinião, esse é um dos elementos fundamentais para a revitalização do eixo Belém-Ajuda.

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Para António Lamas, trata-se de uma “óptima notícia”, porque, na sua opinião, esse é um dos elementos fundamentais para a revitalização do eixo Belém-Ajuda.

O PÚBLICO contactou o gabinete do secretário de Estado, Jorge Barreto Xavier, para saber quem é o arquitecto responsável pelo projecto e quando é que está previsto que as obras tenham início, mas não obteve respostas até ao momento. Segundo o Expresso, Barreto Xavier pretende utilizar os 4,4 milhões de euros do seguro das jóias da Coroa, roubadas em 2002 quando saíram de Portugal para uma exposição na Holanda.

Em 2008, o Estado português recebeu da seguradora uma indemnização no valor de 6 milhões de euros – valor parcialmente utilizado para, em 2007, comprar, por 1,5 milhões, um quadro do  pintor veneziano Giovanni Tiepolo. Está também prevista a instalação no palácio das restantes jóias da Coroa Portuguesa, permitindo assim que possam ser vistas pelo público.

Já em Agosto de 2012, o então director-geral do Património, Elísio Summavielle, anunciara ao PÚBLICO que o remate da ala poente do palácio iria acontecer durante o ano de 2013. A proposta arquitectónica então em cima da mesa tinha a assinatura do arquitecto Vasco Massapina, entretanto falecido, e era bastante menos ambiciosa que as duas anteriores, a de Gonçalo Byrne (apresentada nos anos 90) e da de João Carlos Santos (de 2011).

Na altura, Summavielle explicou que o projecto de Massapina não previa a “conclusão do palácio”, ao contrário das outras duas. “O que pedimos a Massapina foi que desenhasse algo minimal, que assumisse o inacabado e que consolidasse a ruína, absolutamente caótica do ponto de vista visual.” Estava ainda prevista a consolidação da fachada nascente, a conservação da caixilharia, a intervenção no torreão sul, a revisão das coberturas e ainda trabalhos nas cozinhas, que tinham sido encerradas em Abril de 2012 por falta de condições. Quando Summavielle, e o então secretário de Estado, Francisco José Viegas, deixaram os cargos, em Outubro desse ano, esse projecto, no valor de meio milhão de euros, esperava apenas a luz verde do Ministério das Finanças.

O projecto inicial, do arquitecto Gonçalo Byrne, tinha sido encomendado nos anos 90 por António Lamas, que sobre ele diz agora ao PÚBLICO: “Era um projecto lindíssimo. Problemas? As barracas da Guarda Nacional Republicana, a própria Calçada da Ajuda... Toda aquela zona nos foi imposta pelos franceses. Parou tudo com as Invasões Francesas. Durante 14 anos foram-se construindo barracas: para os operários, para os criados que ficaram... Toda a fragmentação daquela zona da Ajuda se dá quando a corte está no Brasil. O D. João VI ainda pediu desenhos e tomou decisões a partir do Brasil, mas aquilo já não teve efeito nenhum. E assim ficou. Depois, desde os anos 1960 houve tentativas de remate do palácio. Na altura contei seis projectos, até o arquitecto Raul Lino tentou.” O projecto de Byrne já incluía a ideia de um museu da ourivesaria, onde a grande estrela seriam as jóias da Coroa.

com Lucinda Canelas e Vanessa Rato