Antes as bruxas

As bruxas não são bruxas. São apenas princesas extremamente sábias, elegantes e inteligentes.

Para quem tenha estudado uma única cadeira de Antropologia (dita social no mundo britânico), é estranho pensar que os bruxedos tendem a partir das mulheres.

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Para quem tenha estudado uma única cadeira de Antropologia (dita social no mundo britânico), é estranho pensar que os bruxedos tendem a partir das mulheres.

Pelo contrário. Os homens, com a ganância de títulos que nos é própria, nem sequer se contentam com ser bruxos e determinar, com a mais fascista misoginia, que as mulheres não podem ser bruxas.

Não. Têm de ir além na descrição do que fazem: são witch doctors (doutores feiticeiros), espantosamente mais na acepção (muito maioritariamente masculina) dos antropólogos que os estudaram do que na visão do mundo dos próprios feiticeiros.

Estou a ler – claro está – a póstuma e libertadora colecção das crónicas, reportagens, excertos de romances, peças de teatro e contos de Nora Ephron, com o título de The Most of Nora Ephron.

Claro que se tem de ler antes, pelo menos, o explosivo romance autobiográfico (Heartburn, muito melhor dos que os dois filmes que inspirou) e as colecções I Feel Bad About My Neck e I Remember Nothing.

As bruxas não são bruxas. São apenas princesas extremamente sábias, elegantes e inteligentes. Os monstros somos nós, os homens – mas apenas quando temos graça. E mesmo assim...

Se quiser saber como as coisas estão em 2014 soletre "10 Hours of Walking in NYC as a Woman" no YouTube.

Depois leia Nora Ephron: que tristeza. Que sibila!