Rússia promete reconhecer eleições organizadas pelos separatistas no Leste da Ucrânia

Governo ucraniano acusa Moscovo de "minar" o processo de paz ao apoiar votação do próximo domingo.

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Tanque rebelde estacionado no centro de Donetsk Maxim Zmeyev/Reuters

A tomada de posição de Moscovo surge dois dias depois das legislativas na Ucrânia, que carimbaram o domínio dos partidos pró-europeus, mas nas quais não votaram cerca de três milhões de ucranianos que vivem nas zonas controladas pelos rebeldes, em Donetsk e Lugansk. Os líderes das duas autoproclamadas repúblicas populares planearam uma votação alternativa para domingo, onde pretendem escolher os seus próprios parlamentos e presidentes.

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A tomada de posição de Moscovo surge dois dias depois das legislativas na Ucrânia, que carimbaram o domínio dos partidos pró-europeus, mas nas quais não votaram cerca de três milhões de ucranianos que vivem nas zonas controladas pelos rebeldes, em Donetsk e Lugansk. Os líderes das duas autoproclamadas repúblicas populares planearam uma votação alternativa para domingo, onde pretendem escolher os seus próprios parlamentos e presidentes.

“Esperamos que as eleições decorram como o previsto e iremos, está claro, reconhecer os resultados”, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, numa entrevista ao jornal Izvestia, durante a qual disse esperar que “ninguém do exterior tente perturbar” a votação.

Moscovo não reconheceu formalmente a votação os ditos referendos à independência organizados pelas duas repúblicas em Maio, um mês depois de grupos separatistas terem pegado em armas contra Kiev. No entanto, Lavrov afirma que as eleições de dia 2 “são muito importantes para legitimar as autoridades” locais. “São um dos pontos mais importantes dos acordos de Minsk”, afirma, referindo-se ao entendimento selado na capital da Bielorrússia para a resolução do conflito, incluindo o cessar-fogo actualmente em vigor.

O Governo ucraniano tem, no entanto, outra opinião. As declarações de Lavrov “contradizem directamente os acordos de Minsk”, disse à AFP um alto responsável da diplomacia de Kiev, acusando Moscovo de “minar o processo de paz, ao mesmo tempo que enfraquece a confiança na Rússia enquanto parceiro internacional seguro”.

O acordo de 5 de Setembro prevê uma ampla autonomia para Donetsk e Lugansk, no quadro de um plano de descentralização do Estado ucraniano, e a realização de eleições locais para escolher novos líderes. Kiev aprovou ainda em Setembro uma lei que concede um novo estatuto à região e propôs a realização de eleições para os novos concelhos locais a 7 de Dezembro. Mas os rebeldes, que insistem na independência da região, recusaram e marcaram para o próximo domingo uma votação que Kiev não reconhece.

Na mesma entrevista, Lavrov diz que Moscovo reconhece o resultado das legislativas ucranianas, apesar das “numerosas violações” registadas durante a campanha eleitoral. “Estou convencido que teremos um interlocutor com quem falar no Parlamento e na chefia do Estado”, afirmou, explicando que o mais importante para a Rússia é evitar o reinício dos combates abertos entre o Exército e os rebeldes, numa altura em que se repetem confrontos em várias zonas do Leste.