Bonga vai ser condecorado em França e diz-se esquecido em Portugal

Cantor e compositor angolano vai receber uma condecoração da Ordem das Artes e Letras de França, numa altura em que o seu nome em Portugal anda esquecido.

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Bonga Enric Vives-Rubio

Hoje com 72 anos, mais de quarenta dos quais numa carreira musical que passou em grande parte por Portugal, Bonga lamenta ter agora menos espectáculos no país, admitindo algum desconforto com a situação. “Eu não quero forçar nada. Quero é que me chamem”, afirmou à Lusa. E diz que é por “não entrar em cambalachos”, na área da promoção dos espectáculos, que só “de vez em quando” actua agora em Portugal.

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Hoje com 72 anos, mais de quarenta dos quais numa carreira musical que passou em grande parte por Portugal, Bonga lamenta ter agora menos espectáculos no país, admitindo algum desconforto com a situação. “Eu não quero forçar nada. Quero é que me chamem”, afirmou à Lusa. E diz que é por “não entrar em cambalachos”, na área da promoção dos espectáculos, que só “de vez em quando” actua agora em Portugal.

Nascido a 5 de Setembro de 1942, em Kipiri, na província do Bengo, a norte de Luanda, José Adelino Barceló de Carvalho passou a assumir o nome Bonga Kuenda (ou apenas Bonga) depois de gravar o seu primeiro LP, na Holanda, em 1972, que teve por título Angola 72. Antes, o fascínio pela música tradicional dos musseques conduziu-o muito cedo à música, vindo mais tarde a formar no bairro do Marçal o grupo Kissueia.

Bonga atingiu o topo da carreira internacional na década de 1980 e foi o primeiro artista africano a actuar a solo, e em dois dias consecutivos, no Coliseu dos Recreios. Durante a sua carreira recebeu já inúmeros prémios e homenagens, incluindo medalhas e discos de ouro e de platina. Com mais de 300 composições da sua autoria e 32 álbuns editados, Bonga tem visto as suas canções interpretadas por cantores como Martinho da Vila, Elza Soares e Alcione, no Brasil; por Mimi Lorca, em França; por Bovic Bondo Gala, na República Democrática do Congo; ou Heltor Numa de Morais, no Uruguai. E tem actuado também em concertos de beneficência da ONU, FAO e UNICEF, entre outros.

Agora, sublinha que a distinção que vai receber de França, país que diz ter-lhe aberto “as portas”, contrasta com algum esquecimento a que a Mariquinha ou a Currumba – temas popularizados por Bonga e ícones da sua carreira – ficaram votados em Portugal. “Vou receber agora um dos maiores prémios da Cultura pelo Governo francês. Portugal nunca me deu nada", diz, sem esconder o desalento por não actuar com "aquela assiduidade" no país. “Mas o que tinha a fazer em Portugal já fiz”, afirma.

Bonga falava durante o II Angola Wine Festival, que termina esta segunda-feira em Luanda, onde apresentou o vinho com o seu nome, fruto de uma parceria com a adega portuguesa de Palmela. “Com quarenta e tal anos de carreira continuo na boa”, diz. com Lusa