Seis mortos em operação antiterrorista dois dias antes de votação na Tunísia

Autoridades dizem que grupo, com uma maioria de mulheres, se preparava para ir para a Síria.

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Militares celebram o sucesso da operação em Oued Ellil FADEL SENNA/AFP

Segundo as autoridades, o grupo preparava-se para viajar para a Síria para lutar ao lado do grupo extremista auto-intitulado Estado Islâmico.

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Segundo as autoridades, o grupo preparava-se para viajar para a Síria para lutar ao lado do grupo extremista auto-intitulado Estado Islâmico.

As autoridades tunisinas dizem que o crescimento do radicalismo islâmico ameaça o processo democrático posto em marcha após a queda do ditador Zine El-Abidine Ben Ali, em 2011, e analistas lembram que a Tunísia enviou mais combatentes para o Iraque e a Síria do que qualquer outro país estrangeiro.

Segundo as autoridades, um grupo de islamistas tinha-se refugiado numa casa em Oued Ellil, a Oeste da capital, depois de confrontos com a polícia, que tinha cercado o local, onde um agente foi morto.

Mal as tropas entraram na casa, ouviu-se o som de trocas de tiros. Para além dos mortos, entre os suspeitos islamistas, sabe-se que foram detidos um homem e uma mulher, e ainda que foram levadas da casa duas crianças.

Esta foi a última de uma série de operações contra extremistas na Tunísia nas últimas semanas, com o Governo a avisar que estes poderiam tentar prejudicar a votação. O primeiro-ministro Mehdi Jomaa disse recentemente que este ano foram presos 1500 suspeitos extremistas, incluindo centenas que lutaram na Síria e que poderiam ser um perigo após regressarem. Responsáveis dizem que 2400 tunisinos viajaram para a Síria e o Iraque para apoiar o Estado Islâmico (há estudos que apontam para até 3000) e que centenas tentaram mas foram impedidos.

As eleições são parte-chave do processo de transição democrática, após a aprovação de uma Constituição e um acordo entre facções rivais.

Muitos tunisinos estão no entanto descontentes, porque as novas liberdades e eleições não tiveram muito impacto na sua vida no dia-a-dia, em termos de criação de empregos ou de dominar a brutal polícia à qual, diz o New York Times, muito ainda se referem como sendo quem manda ou, como dizem os islamistas, “o tirano”.

Mourad, 28 anos, explicava a atracção dos tunisinos pelo EI. O licenciado em tecnologia (que só consegue, segundo disse, encontrar trabalho no sector da construção), disse que o EI era “a única esperança para justiça social”, porque iria “absorver as monarquias do Golfo e redistribuir a sua riqueza vinda do petróleo.

Líderes do Ennahda, o partido islamista moderado no poder, dizem que sobrestimaram o poder da democracia para domar o extremismo violento, e que o desenvolvimento económico tem igual importância.