Fitch mantém rating português em nível lixo

Execução orçamental de 2015, deflação e impactos da crise do BES são riscos que preocupam a agência de notação financeira.

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Títulos da dívida pública portuguesa mantiveram rating "BB+" Daniel Rocha

O rating atribuído à Republica portuguesa pela Fitch manteve-se, anunciou a agência, em “BB+” com tendência positiva. Havia a expectativa entre vários analistas que a classificação pudesse ser alterada para B-, o que significaria que os títulos de dívida pública portugueses voltariam a ter um estatuto que aconselhava ao investimento.

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O rating atribuído à Republica portuguesa pela Fitch manteve-se, anunciou a agência, em “BB+” com tendência positiva. Havia a expectativa entre vários analistas que a classificação pudesse ser alterada para B-, o que significaria que os títulos de dívida pública portugueses voltariam a ter um estatuto que aconselhava ao investimento.

A Fitch, contudo, considerou que este ainda não é o momento para dar a Portugal esse atestado de confiança. Na nota divulgada à imprensa, a agência até elogia a evolução registada em Portugal nos últimos meses. Diz que a economia está mais equilibrada, que o mercado de trabalho está a melhorar marcadamente e que as condições de acesso aos mercados são agora muito mais favoráveis.

No entanto, a Fitch assinala que “emergiram riscos económicos e orçamentais”. A preocupação da agência está, por um lado, na capacidade de o Governo, depois dos chumbos do Tribunal Constitucional e dos sinais de abrandamento da economia, cumprir as metas orçamentais, tanto este ano, como no próximo. A previsão da agência para o défice de 2015 é de 3%, em vez dos 2,5% prometidos pelo Governo.

Por outro lado, é também assinalado que a taxa de inflação está em terreno negativo já há muito tempo, o que aumenta o perigo de deflação e o consequente impacto negativo nas dinâmicas da dívida pública e privada.

Por fim, a Fitch diz que “embora a resolução do BES tenha sido conseguida de forma suave, aumentou as dúvidas sobre a força intrínseca do sector bancário”.

A saída de um nível "lixo" por parte da dívida pública portuguesa poderia ser importante para a capacidade do Estado português obter financiamento no mercado uma vez que existem alguns investidores institucionais, como fundos de pensões, que têm regras internas que limitam a sua capacidade para adquirir esse tipo de títulos. Para além da Fitch, também a Moody’s e a Standard & Poor’s atribuem um rating de "lixo" a Portugal. A canadiana DBRS atribui um rating um grau acima desse nível.